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Rodrigo Mattos

REPORTAGEM

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Fla e Flu têm custo de R$ 3,6 milhões com mordomias ao Estado no Maracanã

Maracanã - CBF/Divulgação
Maracanã Imagem: CBF/Divulgação

29/07/2022 04h00

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Flamengo e Fluminense, que compõe o consórcio de gestão do estádio, tem um custo de R$ 3,6 milhões por ano com mordomias para o Estado do Rio de Janeiro no Maracanã. Há uma discussão sobre se esse valor pode subir ainda mais com o novo edital de licitação do estádio - o governo nega que vá haver alteração. Não há explicação de qual o uso em favor da população dos benefícios dados no estádio.

Pela concessão provisória do Maracanã, o Flamengo e Fluminense têm que ceder atualmente cinco camarotes para o Estado, com direito ao pagamento de buffet. Além disso, são cedidos 200 ingressos de arquibancada para o governo do Rio de Janeiro. Esses itens estão nos termos de permissão.

O edital de licitação definitivo do Maracanã prevê a cessão de sete camarotes para o Estado. Segundo o governo do Rio de Janeiro, não houve alteração na concessão atual: alegam que já têm sete camarotes. A versão é diferente do consórcio.

Nenhuma das partes fala sobre os custos. Mas o blog conseguiu calcular o investimento necessário do consórcio para atender o Estado. Cada camarote do Maracanã, em média, é negociado por R$ 500 mil, segundo empresas que os alugam. Assim, são R$ 2,5 milhões por ano em camarotes para o Estado. Se o número for de sete, esse número sobe para R$ 3,5 milhões.

Os camarotes têm que ser abastecidos por buffet com comida pagos pelos clubes. Em média, são 100 pessoas nos camarotes, com a comida a um custo aproximado de R$ 100,00, segundo apurou com empresas envolvidas. No total, isso dá cerca de R$ 600 mil em comida e bebida fornecidas ao Estado.

Os ingressos ao Estado são cedidos no setor oeste do Maracanã, o mais caro do estádio. Uma análise dos borderôs dos jogos de Flamengo e Fluminense mostra uma média de R$ 40,00 por esses ingressos. Com 60 partidas por ano, o total chega a R$ 480 mil em bilhetes para o governo do Estado. Há ainda outros 82 ingressos de tribuna de honra dados para o Estado, cujo custo não pode ser estimado porque os ingressos ali não são cobrados.

Todos esses custos saem ou dos próprios clubes, como no caso dos ingressos, ou do Consórcio administrado por eles. Os políticos ou beneficiados pelos camarotes não têm nenhuma função nos jogos no Maracanã.

Questionado, o governo do Estado afirmou que não houve alteração no número de camarotes cedidos e que o consórcio já tem que ceder esses itens. E alegou que os ingressos de arquibancada são usados em ações e programas do Estado, sem nomeá-los. Não foi respondida a pergunta sobre a utilidade dos camarotes para a população. Veja toda a nota da assessoria do governo do Estado:

"O Governo do Estado, como proprietário do Complexo do Maracanã, permanece com direito de uso do equipamento quando for realizada a nova concessão. No Termo de Permissão de Uso atual, que rege as regras do estádio, e também nos anteriores, o permissionário já faz a cessão de sete camarotes. Ou seja, não há alteração na quantidade de camarotes que poderão ser usados para comercialização. O próximo concessionário terá 100 camarotes para explorar a seu critério, respeitando a reserva institucional do poder concedente.

Em relação aos ingressos a serem cedidos ao governo, serão 82 da Tribuna de Honra e 200 da arquibancada, uma quantidade irrisória comparada aos mais de 78 mil ingressos à disposição do próximo concessionário para serem negociados. Esses 282 ingressos são utilizados para fomentar ações e programas do Estado.

Cabe ressaltar que o fornecimento de alimentação para o camarote sempre foi realizado pelo permissionário, portanto o Estado manteve as regras atuais em vigor."