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Rodrigo Mattos

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Paulo Sousa não pode pagar a conta de todos os erros do Flamengo

Paulo Sousa, técnico do Flamengo, durante derrota para o Botafogo, no Brasileirão - Mateus Bonomi/AGIF
Paulo Sousa, técnico do Flamengo, durante derrota para o Botafogo, no Brasileirão Imagem: Mateus Bonomi/AGIF

09/05/2022 04h00

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Foi mais um clássico em que o Flamengo dominou o Botafogo a maior parte do tempo. Criou seguidas chances de gol desperdiçadas, teve um gol mal anulado pelo VAR, viu o goleiro alvinegro Gatito empilhar defesas e o seu arqueiro Hugo falhar. Não dá para botar só na conta do técnico Paulo Sousa o resultado, nem a campanha fraca rubro-negra no Brasileiro.

De início, é preciso que se diga que o Botafogo evoluiu em relação ao início do ano. Primeiro, óbvio, pelos reforços que mudaram o patamar técnico do alvinegro: o time melhorou em quase todas as posições. Segundo, o técnico Luis Castro já mostra efeitos do seu trabalho na organização do time: sabe se defender, sabe construir jogo de passes e contra-atacar.

Tanto que, nos primeiros minutos, o Botafogo até teve mais posse de bola. Mas o Flamengo tomou as rédeas do jogo principalmente pela marcação pressão no ataque. Bem executada, não deixava o rival sair e deixava a bola constantemente girando na área.

Gabigol já tinha perdido uma chance na frente do goleiro quando marcou um tento após passe de Everton Ribeiro. O VAR anulou o gol por impedimento. O vídeo da CBF mostra que os árbitros do VAR pararam o frame da imagem no momento em que a bola já tinha saído do pé de Everton. O VAR da CBF tornou o impedimento, que deveria ser objetivo, em algo subjetivo.

Fato é que o Flamengo era melhor especialmente nos pés de Bruno Henrique, que azucrinava Saravia pela ponta esquerda. E passou a ser ainda mais incisivo quando Filipe Luíz se machucou e deu lugar a Ayrton Luvas. A partir daí, o time passou a jogar em um legítimo 4-4-2 para atacar, sem os três zagueiros tradicionais.

O início do segundo tempo era parecido, mas aí os erros do time (e de Paulo Sousa) pesaram. Arão estava escalado na zaga. Não ficou claro se Pablo e Rodrigo Caio tinham condições de jogo, embora estivessem no banco. Pois Arão deixou um lançamento passar para Erison.

O 'Touro' driblou David Luiz e chutou fortíssimo, Hugo foi com uma mão só e deixou passar. Aí está outro erro de Paulo Sousa. Em Brasília, Santos não poderia jogar por contusão. Mas, no Brasileiro, o goleiro deveria tomar o lugar de titular porque Hugo se revela a cada dia mais um goleiro imaturo para o nível rubro-negro.

Do outro lado, Gatito passou a brilhar: salvou uma série de chutes de fora da área, parecidos com o que Hugo aceitou. Os goleiros fizeram diferença no clássico.

Paulo Sousa colocou Lázaro, Rodinei e João Gomes para aumentar a gás e a força ofensiva. Ressalte-se que o sistema defensivo do Botafogo funcionou bem, compactado, reduzindo espaços. E, com o Flamengo lançado no ataque, o Botafogo também teve muitos espaços. Tanto que, ao final, o time rubro-negro teve 17 conclusões a gol, e o alvinegro, 13.

Nos minutos finais, Arrascaeta e David Luiz perderam chances claras de gol, a principal delas no pé do zagueiro que tinha uma bola de frente, sem pressão, para concluir. Méritos para o Botafogo, que soube aproveitar essa série de erros do rival.

Dito isso, há uma forma fácil de analisar o Flamengo. "Maior investimento do futebol, só tem cinco pontos em cinco jogos, é uma vergonha, demita o técnico agora"

E há a realidade que é mais complexa. Com um departamento médico cheio, um time ainda em reconstrução, e um campeonato de oscilação no início, o Flamengo jogou três bons jogos (São Paulo, Palmeiras e Botafogo) diante de rivais duros e não levou sorte em dois deles.