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Rodrigo Mattos

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Mattos: Tite repete o erro da Copa-2018 ao se manter refém de Neymar

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05/09/2021 04h00

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Em uma seleção capenga, Neymar se destacou pela sua má forma técnica diante do Chile. Chutou uma bola na lua, tinha dificuldades nas arrancadas, errava lances simples para um jogador de sua técnica. Nem por isso foi substituído por Tite que o manteve até o final do jogo.

Lembremos que já há um contexto de que o treinador estrutura o time brasileiro para potencializar Neymar. Outros jogadores como Gabigol e Vinicius Jr, nesta partida, Richarlison e Jesus, na maioria das vezes, têm que fazer sacrifícios para lhe dar a liberdade total.

Obviamente faz sentido para qualquer técnico ter um esquema que melhora o seu único craque. Mas há uma diferença entre fazer adaptações para potencializa-lo e criar uma seleção inteira que gire em torno de um atleta. Além disso, Tite voltou a protege-lo em detrimento da equipe ao mante-lo em campo.

Essa postura do treinador não é uma novidade. Foi uma tônica do ciclo da Copa-2018. A comissão técnica o cercava de mimos e evitava orientações mais duras quando ele errava.

O pai de Neymar tinha autorização para entrar no vestiário quando queria, assim como frequentar os ambientes do time brasileiro. Quando havia casos de indisciplina - deu um soco em um torcedor após jogo do PSG -, o jogador tinha tratamento diferenciado, sem ser afastado de convocações.

Durante o Copa-2018, houve uma superproteção ao jogador quando ele atuava mal e simulava quedas em campo (um defeito que ele superou depois do Mundial). Mas, naquela ocasião, Tite sempre evitava críticas e até justificava suas atitudes ao dizer que era perseguido em campo.

Apesar de desclassificado nas quartas de final, Tite mereceu ficar como treinador depois da Copa-2018. Tinha feito um trabalho bem decente construindo uma seleção a partir de terra arrasada. Seu time para aquele ciclo era bem mais interessante do ponto de vista ofensivo do que o atual, o que também se explica pela presença de algumas atletas como Daniel Alves e Marcelo na época.

Mas houve erros na sua caminhada, ainda que a eliminação para a Bélgica tenha ocorrido também com um elemento aleatório inerente ao mata-mata. A manutenção de Tite pressupunha que esses erros seriam revistos. Pelo menos em relação a Neymar, isso não aconteceu.