Topo

Rodrigo Mattos

REPORTAGEM

Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

Conmebol ignora oposição do governo Bolsonaro e protocolo por público

Gramado do Maracanã em 6 de julho de 2021, na semana da final da Copa América - Acervo pessoal
Gramado do Maracanã em 6 de julho de 2021, na semana da final da Copa América Imagem: Acervo pessoal

10/07/2021 04h00

Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail

Email inválido

Quando acertou a transferência da Copa América para o Brasil, a Conmebol firmou compromissos com o governo federal. Entre eles, estava a ausência de público. Ainda assim, a Conmebol foi diretamente na prefeitura do Rio para obter a liberação de torcida no jogo final entre seleção brasileira e a argentina, e ignorou o governo Bolsonaro que viabilizou a competição. Ainda passou por cima do protocolo médico da Copa América aprovado com o governo.

Como mostrado pelo blog, a Conmebol atropelou a CBF, organizadora da competição, para ter público na decisão. A Casa Civil, que negociou o Brasil como sede da competição, também foi surpreendida com a informação de que havia torcida no jogo. Foi o presidente da República, Jair Bolsonaro, o maior fiador da Copa América.

Houve uma reunião entre CBF, Conmebol, governo federal e municipal na quinta-feira. Na ocasião, a Casa Civil se manifestou contra a presença de torcida, segundo apurou o blog. A CBF também foi contrária à medida.

A confederação e o governo federal foram responsáveis pelo protocolo médico da competição. Havia um compromisso de não ter público. Médicos da CBF deixaram claro que, pelos critérios de infectologistas da entidade, não havia condição de recebe torcida. A confederação saiu da operação por não ter segurança de evitar infecções.

Quando anunciou a competição, a Casa Civil informou em nota: "Os jogos ocorrerão sem público, com todos os integrantes das delegações vacinados contra a Covid19". Ao contrário do informado, todas as delegações não estavam vacinadas também.

No protocolo médico da Copa América, aprovado pelo governo federal, não havia informação sobre a presença de público. Havia uma brecha para VIPs e VVIPs. Mas fontes envolvidas na elaboração do protocolo deixam claro que isso envolvia uma quantidade de pessoas limitada. Isso foi largamente superado pelo plano novo da confederação sul-americana.

No total, a Conmebol vai incluir 4.400 pessoas convidadas da CBF e da Associação de Futebol Argentino (AFA). Além disso, há previsão de outros 1.100 convidados da Conmebol. A AFA tem previsão de entregar credenciais até a noite de sábado, que é o horário do jogo.

Outro ponto é que os testes vinham sendo feitos 48 horas antes dos jogos, de acordo com o protocolo. Já era uma adaptação, pois o ideal eram 72 horas. Com o esquema para a final, os testes serão feitos durante a sexta e sábado, dia da final, e entregues na hora de pegar credenciais.

Questionado, o governo federal informou que não tem a prerrogativa de tomar decisões sobre a presença de público: "Casa Civil não tem ingerência no estádio do Maracanã, sendo a decisão de caráter municipal."

Já a Conmebol informou que não houve mudanças nos seus protocolos.