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Rodrigo Mattos

REPORTAGEM

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Vacinação da Copa América tem só uma dose e prazo curto, seleção não tomou

Conmebol inicia distribuição de vacinas contra Covid-19 e federações terão de prestar contas - Reprodução/Twitter
Conmebol inicia distribuição de vacinas contra Covid-19 e federações terão de prestar contas Imagem: Reprodução/Twitter

03/06/2021 04h00

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Ao acertar a Copa América com sede no Brasil, a Conmebol e a CBF comprometeram-se com o governo federal a vacinar todos os participantes da competição. A promessa, no entanto, é aplicar apenas uma dose da Coronavac, que tem eficiência reduzida. Mais, a metade das seleções e parte das delegações não foram vacinadas ainda, ou seja, não há mais tempo hábil para a imunização. A seleção brasileira está entre os times sem vacinar pelo menos a maioria dos jogadores.

Ao confirmar a realização da Copa América, o Ministério da Casa Civil informou que todos os participantes seriam vacinados. "Os jogos ocorrerão sem público, com todos os integrantes das delegações vacinados contra a covid-19."

A Conmebol obteve 50 mil doses de Coronavac por meio de doação articulada com o governo do Uruguai. Nas negociações com o governo argentino, que receberia a Copa América, houve o compromisso de que todas as delegações seriam vacinadas. Isso ocorreu no dia 26 de maio em reunião entre a Conmebol e o governo da Argentina.

Uma carta do presidente da confederação sul-americana, Alejandro Dominguez, às federações nacionais deixou claro a obrigação de vacinar os times. Mas apenas seria feito com a primeira dose. Diz o documento:

"Pela presente, informamos que, diante do curso atual da pandemia no continente, a aplicação de ao menos uma primeira dose de vacina contra Covid-19 no plantel completo de cada seleção - jogadores, corpo técnico, assistentes e demais membros da delegação - é uma condição inevitável para a participação na Copa América". O plano da Argentina foi transferido para o Brasil.

Até agora, cinco seleções já tomaram pelo menos uma dose da vacina. Foram Equador, Venezuela, Chile, Uruguai e Paraguai. Os dois últimos países já têm jogadores com as duas doses. Os chilenos receberam o imunizante da Pfizer.

Questionada, a assessoria da seleção brasileira informou que ainda não há um plano traçado para imunização do time que será divulgado quando houver este acerto. Não há lei que permita a vacinação da Conmebol no Brasil, isto é, o time terá de ir ao Paraguai, onde joga pelas Eliminatórias.

A questão é que uma dose de Coronavac tem efeitos reduzidos. Com pouco tempo, não há estudos que indiquem qual o grau de imunização.

Um estudo do grupo Vebra Covid-19, que reúne pesquisadores de instituições nacionais e internacionais, constatou que a Coronavac tem uma eficácia de 50% contra a variante P1 após a 1ª dose apenas depois de 14 dias da aplicação dela. O estudo, feito com 67 mil profissionais de saúde em Manaus, também apontou a necessidade de aplicar a segunda dose para completar o processo de imunização.

"Se após a primeira dose a eficácia é 50%, espera-se que após a segunda dose esse percentual suba substancialmente", apontou Dimas Covas, diretor do Butantan, no site da entidade.

Pelo cronograma atual, será impossível para pelo menos cinco seleções sequer completar o primeiro ciclo de 14 dias após a primeira dose da Coronavac. Faltam apenas 12 dias para o início da competição. E países como Brasil e Peru não têm logística para aplicar o imunizante em seus times.

Fora as seleções, a Conmebol ainda não apontou quantas pessoas do restante das delegações de staff da organização já receberam a primeira dose. A entidade tinha dado a primeira dose para boa parte dos árbitros e para o pessoal que trabalha na própria confederação sul-americana. A Conmebol prometeu divulgar um documento com dados detalhados sobre a vacinação.