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Rodrigo Mattos

REPORTAGEM

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Facebook sai do mercado de direitos ao não renovar Libertadores e Champions

Bayern de Munique vence o PSG e conquista a Champions League 2019/20 - GettyImages
Bayern de Munique vence o PSG e conquista a Champions League 2019/20 Imagem: GettyImages

04/03/2021 04h00

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O Facebook não disputou os direitos da Champions League e não renovará o contrato da Libertadores, que vence em 2022. Essas decisões foram tomadas como parte de uma nova estratégia global da empresa de não mais investir em compra de direitos de grandes eventos. Assim, haverá um player a menos nas concorrências por competições no Brasil e no mundo.

A primeira investida com força do Facebook em direitos no Brasil foi a compra da Champions League em parceria com a WarnerMedia. Dividiram esses direitos por três anos, inclusive na atual edição. Na segunda-feira (1), o blog revelou que o TNT Sports levou todos os direitos da competição na concorrência para os próximos três anos.

Na quarta-feira, o diretor do Facebook para parcerias esportivas na América Latina, Leo Lenz Cesar, escreveu um artigo em que explicava que isso se estenderá ao contrato da Libertadores, no qual a plataforma tem as partidas de quinta-feira.

"Apesar dos resultados do nosso conteúdo esportivo ao vivo, não planejamos estender nossos atuais acordos de grandes direitos de transmissão. Continuamos comprometidos em trabalhar de perto com os nossos parceiros da UEFA e da CONMEBOL para entregar excelentes experiências aos fãs e marcas até ao final da atual temporada da Champions League e da Libertadores em 2022. Mas daqui para a frente, vamos concentrar os nossos esforços em ajudar a indústria do esporte - de ligas a clubes, atletas, confederações, criadores e emissoras - a desenvolver e engajar audiências, construir modelos de negócios sustentáveis e monetizar seus conteúdos diretamente em nossas plataformas."

Essas competições foram usadas no lançamento do Facebook Watch, ferramenta de vídeo da plataforma que, de certa forma, concorre com o YouTube. Os resultados de audiência do Facebook na Champions League e na Libertadores vinham aumentando percentualmente acima de 50%. A final da Champions foi a partida mais assistida na história do Facebook. E havia um modelo de negócios para obter renda com essas transmissões.

Mas a empresa decidiu em sua estratégia global que era mais interessante se manter como apenas uma plataforma e não uma geradora de conteúdo. Assim, a intenção é explorar conteúdos esportivos em parcerias com as ligas, clubes, atletas e jornalistas gerando oportunidades de negócio. Mas não haverá compra de direitos, apenas aprimoramento das plataformas para atender esses clientes.

Isso fica claro em outro artigo de Rob Shaw, diretor de ligas esportivas e parcerias de mídia do Facebook, para o site Sportico.

"Esse tópico tem um timing especial com o fechamento da próxima rodada de direitos de mídia. Pela transparência - nós não estivemos envolvidos nessas discussões. Nós também não fizemos propostas para estender nos acordos da UEFA Champions League e a LA Liga na América Latina e na Índia, respectivamente. Nós ainda temos excelente parceria com essas ligas, mas a realidade é esses acordos de direitos de mídia tradicionais não são compatíveis com o nosso modelo de negócios para vídeos atual. Nós também não entendemos que eles vão criar um modelo sustentável para a indústria seguir em frente", escreveu o executivo.

Na visão do Facebook, seu papel seria complementar ao atingir o público onde ele está, isto é, longe das televisões e dentro das mídias sociais. Assim, poderia gerar negócios para os produtores de conteúdo dentro de sua plataforma, mas sem participar da produção em si das imagens. Entre os negócios, estão de eventos online pagos, comercialização de produtos e anúncios.

Durante o período de transmissão da Champions e Libertadores, o Facebook teve problemas técnicos que foram superados aos poucos. Assim, de início, as partidas travavam. Ao final, não havia mais interrupções. Mas, para isso, a empresa teve de investir tempo e dinheiro em um procedimento que não é o seu negócio principal.

Há a possibilidade de a plataforma seguir atuando em eventos ao vivo de menor porte, isto é, que tenham capacidade de crescimento, sem ser o caso de competições consolidadas como Libertadores e Champions. Pelo menos é esse quadro a não ser que ocorra uma mudança da estratégia global adotada agora. Como consequência, o mercado brasileiro perdeu uma empresa que poderia atuar em concorrência de direitos de televisão do futebol.