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Rodrigo Mattos

Premiações de mata-matas aliviam contas do Palmeiras afetadas pela pandemia

Abel Ferreira conversa com os jogadores do Palmeiras, na Academia de Futebol - Cesar Greco
Abel Ferreira conversa com os jogadores do Palmeiras, na Academia de Futebol Imagem: Cesar Greco

19/12/2020 04h00

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O bom desempenho esportivo do Palmeiras vai ajudar a amenizar os efeitos da pandemia de coronavírus sobre as contas alviverdes. O clube sofreu com perdas de receitas de estádio, de TV, efeitos do câmbio e uma dívida antiga: há um déficit por conta disso. As receitas com premiação, no entanto, já estão acima do projetado e vão reduzir o tamanho do buraco.

"Se passar para o final da Copa do Brasil, a gente já pode reconhecer a receita de R$ 22 milhões (no balanço 2020). Esse valor a gente pode reconhecer. A gente vai reconhecer a passagem para a semifinal da Libertadores (mais R$ 10 milhões)", contou o diretor financeiro palmeirense, Cristiano Koehler.

No total, estimaria portanto uma redução no déficit de R$ 30 milhões no caso de classificação à decisão da Copa do Brasil. Sem isso, a previsão de déficit é de R$ 180 milhões. Até novembro, o balancete do clube registrava um déficit operacional de R$ 135 milhões. Mas os resultados esportivos têm ido além do esperado: as metas previstas em orçamento eram as quartas de final da Copa do Brasil e da Libertadores.

O buraco nas contas é fruto de uma despesa acima do que foi obtido em receita: R$ 111 milhões de déficit só no futebol. Não é que o Palmeiras tenha gasto muito. Na realidade, cortou R$ 36 milhões em despesas com fornecedores e salários, como explicou Koehler. "Em função da pandemia, negociamos redução de dívidas, indexadores, implantamos um plano de ação. Mesmo assim, foi insuficiente", comentou.

O maior impacto foi nas receitas do estádio que são um dos itens mais fortes do Palmeiras. Houve uma queda de 40% nos ganhos com o sócio-torcedor Avanti e a receita de bilheteria foi a zero a partir de abril.

"Mais de impacto de fora para dentro. Nossa ideia é deixar igual a despesa para 2021 do que foi esse ano. Se conseguir fazer mais venda de jogador do que projetado, vai conseguir investimento. Tomara que o ano que vem que tenha o público a partir de julho", analisou Koehler.

O Palmeiras fez uma estimativa de que o público deve voltar para os estádios, com 30% da capacidade, em junho.

Outro impacto contábil nas contas foi a dívida referente à contratação do jogador Wesley que foi bancada por um empréstimo do empresário Antenor Angeloni que exige judicialmente R$ 50 milhões. A estimativa do Palmeiras é de perda de R$ 35 milhões com esse caso. E um outro efeito foi por conta do câmbio, já que o euro se valorizou mais de 30% em um ano em relação ao real, e o clube tem pagamentos de contratações do exterior. Esse é um problema que afeta quase todos os clubes.

"Nosso passivo está totalmente estruturado e alongado. Vamos provisionar uma série de coisas que virão em janeiro. Estão todos em dia os parcelamentos. Passivo não tem nenhum vencido. Atlético Nacional (Borja), o débito já foi negociado, Pyramid (Keno) ainda estamos negociando", disse Koehler.

Pelo balancete, a dívida líquida do Palmeiras é de R$ 551 milhões. Mas é preciso considerar que o passivo circulante inclui o item "Receitas a realizar", que são receitas de televisão a serem recebidas em um ano. Ou seja, não são dívidas de fato. Na prática, o clube tem em torno de R$ 300 milhões a serem quitados no curto prazo, um ano, o que é compatível com a renda de cerca de R$ 600 milhões anual como informou Danilo Lavieri. Houve pagamento de uma parte do débito com a Crefisa.

Como saldo, o Palmeiras teve impacto da pandemia, mas sobreviveu sem comprometer contas. Um eventual título da Copa do Brasil ou da Libertadores torna até o cenário bem positivo.