Topo

Rodrigo Mattos

Europa mostra que há precipitação ao tentar voltar público no Brasileiro

15/09/2020 04h00

Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail

Email inválido

Há uma pressão de clubes pela volta do público nos jogos do Brasileiro em meio à pandemia de coronavírus. A maioria dos dirigentes quer esse retorno e a CBF já apresentou um plano ao governo federal para estádios com 30% da capacidade para o segundo turno da competição. Além disso, no Rio de Janeiro, a prefeitura já aprovou público no Maracanã em outubro, o que gera resistências de outros times.

A discussão em torno da volta do público aos estádios na Europa, no entanto, mostra que há uma pressa no Brasil por conta do estágio da pandemia no país.

Entre as cinco principais ligas, a Alemanha e a França já têm aprovada a presença de torcedores nos estádios. O país da Bundesliga foi o mais avançado com a previsão de 20% da capacidade dos estádios permitida. Na França, os primeiros testes são com públicos de até 5 mil, embora caiba aos governos locais definir os números.

Itália, Inglaterra e Espanha têm planos prontos para os retornos dos públicos nos seus estádios no início de outubro - já foram feitos alguns experimentos. Os planos envolvem desde pequenos públicos até mil pessoas a 30% da capacidade. Mas esses planos foram congelados pelo governo momentaneamente por conta do aumento de casos de infectados em coronavírus.

E como está a epidemia nesses países? O pior caso é o da Espanha neste momento, com a Alemha na melhor situação. Mas, na última semana completa até 14 de setembro, os cinco países somaram 1.218 mortes em sete dias, segundo dados da Organização Mundial da Saúde.

Bem, no mesmo período, o Brasil somou 5.397 novas mortes por coronavírus, mais do que o quádruplo dos cinco países europeus juntos. A argumentação de que o país é continental não cola neste caso visto que a população brasileiro é de 212 milhões de pessoas, e as cinco nações têm juntas 322 milhões de pessoas.

Como conclusão, o país, que tem tido queda nos números da pandemia, continua em situação bem mais grave do que a Europa. E, nas ligas europeias, os planos de volta ao estádio estão em discussão com o governo e só foram adiante com boa capacidade na Alemanha.

É provável que o debate no Brasil se prolongue um pouco mais. A CBF promete não mudar protocolos para os jogos até ter uma resposta do governo federal ao seu plano de volta do público aos Estados. Então, deve haver uma reunião de clubes sobre o assunto. Será ainda preciso ter autorizações de municípios que dão a palavra final.

Mas a pressão dos clubes é tão forte pelo retorno dos públicos para aliviar o caixa que é provável uma volta bem mais rápida do que a ocorrida na Europa.