Topo

Rodrigo Mattos

Feita às pressas, regra de Covid da CBF pode desequilibrar Brasileiro

13/08/2020 04h00

Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail

Email inválido

O início do Brasileiro foi confuso por conta de um problema generalizado nos protocolos de prevenção de coronavírus feitos pela CBF. Após a primeira rodada, a confederação já fez modificações nas regras para evitar infecções Covid. O problema é que as mudanças têm sido feitas de uma hora para outra e, portanto, fica uma dúvida do que vale em cada rodada.

Primeiro, diga-se que não é ruim que a CBF atualize protocolos e reconheça erros, especialmente depois de um início tão complicado do campeonato. A prioridade tem que ser preservar a saúde dos jogadores. E as modificações feitas pela confederação fazem sentido.

Por exemplo, a obrigação de realizar todos os exames no Hospital Albert Einstein, como previsto inicialmente, não estava funcionando porque seu laboratório não se mostrou capaz de fazer testes em todo o país para entregar resultados com celeridade. Por isso, os exames foram descentralizados e agora está nas mãos dos clubes escolher os locais de testes, o que permite tirar jogadores infectados.

Mas, ao mesmo tempo, a CBF não estabeleceu um número de atletas infectados que levará à suspensão dos jogos. Ora, na primeira rodada, o Goiás teve um jogo com o São Paulo adiado porque eram nove atletas contaminados. Pois o CSA também teve nove infectados antes de jogo da Série B e sua partida contra o Guarani não foi adiada.

A CBF afirma que o critério é se há jogadores suficientes para jogar e a segurança dos atletas. Mas quem determina o primeiro item? Um clube pode ficar sem cinco atletas e entender que está muito desfalcado para jogar. Deveria haver uma regra fixa para evitar acusações de manipulação.

Em uma segunda modificação, a CBF determinou que jogadores que testarem positivo para Covid e que tenham cumprido a quarentena de 10 dias estão liberados para jogar. Foi referendado por infectologistas brasileiro e pelo órgão norte-americano para saúde (CDC) que considera essas pessoas curadas e que não transmitem mais os vírus. Ok, tem uma base sólida.

Essa regra começou a ser aplicada na segunda rodada para o Atlético-GO, que requisitou a liberação de quatro jogadores, mas não valeu para o Corinthians que tinha casos similares. Gil e Léo Natel, barrados para o jogo com o Atlético-MG, já tinha testado para Covid, feito quarentena e estavam curados. Seus novos exames positivos levaram o Corinthians a tira-los do jogo por precaução.

A CBF informa que a regra já tinha sido avisada para todos os jogadores e que cabia a cada clube recorrer para pedir a presença dos jogadores. Houve cerca de 20 recursos e só os do Atlético-GO e o Oeste foram aceitos, baseados nos inquéritos epidemiológicos apresentados pelos clubes. O Corinthians, segundo a CBF, não recorreu.

Então, a partir de agora, a confederação deve, sim, atualizar seus protocolos sempre que for um aperfeiçoamento. Mas, antes de aplicar a nova regra, tem que reunir os médicos de clubes e explicar qual o novo protocolo para a rodada seguinte. Diz a entidade que tem feito esse procedimento e que todos estão avisados das mudanças antes de serem aplicadas. É, bom, no entanto, que essa comunicação fique clara ou teremos uma confusão em que o que vale para um, não vale para outro, na mesma rodada.

Errata: o post informou inicialmente que a CBF não tinha avisado os clubes sobre a possibilidade de liberar atletas com testes positivos desde que provado que já não poderiam mais contaminar outros. Mas a entidade diz que todos os times foram alertados