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Rodrigo Mattos

Dirigente do Grêmio critica MP de TV: 'Não houve conversa com clubes'

Presidente do Grêmio, Romildo Bolzan Júnior, em lançamento de hotel temático do clube - Luciano Amoretti/Divulgação Grêmio
Presidente do Grêmio, Romildo Bolzan Júnior, em lançamento de hotel temático do clube Imagem: Luciano Amoretti/Divulgação Grêmio

10/06/2020 04h00

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Após a publicação da MP do governo federal que altera negociações dos direitos de TV, houve debate entre dirigentes de clubes e especialistas no mercado do futebol sobre a validade da mudança. O texto deu apenas ao mandante o direito de transmissão da partida em vez desse ser dividido entre os dois times. Válida no momento, a nova lei terá de ser confirmada ou alterada no Congresso.

A MP foi articulada pela diretoria do Flamengo junto ao presidente Jair Bolsonaro. Mas não é o único clube que defesa a medida. Na terça-feira, o presidente do Bahia. Guilherme Bellintani, se manifestou favorável às novas regras por entender que dão mais poder aos clubes em seus ativos e possibilita a formação de blocos.

Do outro lado, o presidente do Grêmio, Romildo Bolzan Jr., foi contra a MP. Sua principal crítica foi a forma de encaminhamento do assunto por meio de uma MP. Entende que, para ser legítima, a medida teria de ser discutida amplamente entre os clubes e no Congresso Nacional onde já tramita uma legislação para alterar a Lei Pelé. Abaixo, o dirigente gremista explica suas posições sobre o tema.

Blog: Qual o motivo de sua oposição à Medida Provisória do governo federal que altera a regra de direitos de TV?

Romildo Bolzan Jr.: Quanto ao mérito da MP a gente não avalia porque o Grêmio tem contrato com a Globo até 2024, então, nós temos tempo para fazer. Só acho que uma MP desta natureza, tendo uma legislação que está andando no Congresso Nacional dede 2017, e também regular essa matéria, tendo muita repercussão para todos os clubes e não tendo nenhum debate prévio. Nenhuma situação de conversa dos clubes que são impactados no futuro. Quase uma ausência conjectural neste processo. Então, a gente não concorda com a forma como foi encaminha, com a situação de causar prejuízo a terceiros ou ganho a terceiros, sem uma avaliação coletiva. Meu foco de resistência não está no conteúdo, muito mais na forma. Tem que ser feita uma grande discussão sobre isso. O Congresso poderia dar uma grande reavaliação sobre isso. Tem um projeto de lei que pode ser o fórum de debates para fazer a regulamentação geral dos esportes. E inclusive essa questão de reavaliação da Lei Pelé, direitos de imagem, de jogos, de transmissão. Enfim, tudo que significa uma situação nova de contexto de regulamentação do futebol brasileiro.

Blog: Quando for para o Congresso Nacional, o senhor já tem uma regra que considera ideal para regular esses direitos de TV?

Romildo: Ainda não. Somente (que a negociação) deve ser coletiva).

Blog: Mas a regra atual não conseguiu criar um modelo de negociação coletiva. Há quem defenda que esta regra da MP poderia aumentar a chance de isso ocorrer pela formação de blocos?

Romildo: Pode até ser. Mais isso hoje será um fator de divisão. Coletivo é coletivo. Este, para mim, é o melhor modelo.

Blog: Há outras pessoas que defendem que a nova regra poderia aumentar a diferença dos valores entre os clubes. Esse poderia ser um efeito?

Romildo: Coletivamente, todo mundo se policia e converge.

Blog: A Globo hoje tem um trunfo por ser a única capaz de fazer ofertas para vários clubes e adquirir pacotes. Essa nova regra poderia alterar o peso da Globo na negociação ou daria no mesmo?

Romildo: Se tiver mais compradores, vamos negociar. Esta é a regra.

Blog: Mas a regra com o direito para o mandante não favorece ter mais compradores de diferentes portes?

Romildo: Pode ser.