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Rodrigo Mattos

Sonho: Palmeiras e Corinthians da década de 90 em triangular com Fla atual

07/04/2020 14h40

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A pedido do UOL Esporte, gravei o vídeo "Sincerão" em que falo um pouco sobre times e jogadores históricos do período em que acompanho futebol (a partir do meio da década de 80 em diante). Ao listar os maiores esquadrões que vi jogar listei três times brasileiros, coloquei o Palmeiras bicampeão nacional (93 e 94), o Corinthians bicampeão Nacional e Mundial (1998 a 2000) e o Flamengo atual, fora as equipes estrangeiras. Me peguei imaginando o que seria um triangular entre essas equipes.

Primeiro, é preciso lembrar que a década de 90 foi de ouro no Brasil em termos de futebol de clube, bem melhor do que as posteriores. Por que? A Europa já comprava nossos principais jogadores, mas não todos e não tão cedo. Com dinheiro, ou uma montagem de equipe inteligente, era possível, sim, armar grandes formações que não ficam a dever aos gigantes europeus atuais.

Tanto é verdade que os times do Vasco (1997-1998) e do São Paulo (campeão mundial de 1992 e 1993) não ficam nada a dever aos três escolhidos. Havia um limite de equipes, e optei pelos que tiveram uma maior quantidade de jogadores incríveis e futebol mais desenvolto por mais tempo. Mas, repito, é uma questão de gosto, e incluir esses outros dois times daria no mesmo.

Agora, imaginem se fosse possível, guardadas as devidas diferenças entre as épocas do futebol, um confronto entre esses três times escolhidos? Haveria um problema de onde escalar Edílson visto que foi o driblador insinuante com as camisas palmeirenses e corintiana. De resto, veja a quantidade de jogadores de qualidade nos três times, quase não há atletas comuns, com a exceção de um Índio aqui, um Arão ali, um Cléber acolá. Mesmo assim, não eram maus jogadores.

O que me encantava naquele time do Palmeiras inicial era a quantidade de triangulações ofensivas e talento na frente. Edílson e Edmundo entravam de todos os jeitos na área, e Evair, além de goleador, era um ponto de equilíbrio, de assistências, de pivô no ataque. As laterais tinham dois jogadores com histórico de serviço para a seleção, Mazinho e Roberto Carlos. E como jogava o Mazinho, seu corpo esticado, elegante e com passes precisos. Era um time incisivo, mortal.

Do Corinthians de 90, tive a oportunidade de ver em campo, umas duas ou três vezes no início da minha carreira. Entre essas, estava a final do Mundial no Maracanã. Com o meio-campo do quadrado de Vampeta, Rincón, Marcelinho e Ricardinho, eram longas as trocas de passes, o domínio absoluto sobre os rivais, o controle do jogo. Uma partida diante do Botafogo, no Caio Martins, que vi in loco, o time carioca tocava pouquíssimo na bola. Ao contrário do Palmeiras, era uma equipe que ia asfixiando o rival. Não ganhou seus Brasileiros com larga vantagem, nem na fase de classificação, nem no mata-mata. Mas sabia-se ser o melhor time da época.

Pois bem, pode-se dizer que o Flamengo - em uma versão modernizada - é um algo intermediário entre o Palmeiras e o Corinthians. Quando marca pressão e seus atacantes trocam de posição o tempo inteiro, é incisivo como o Palmeiras, sufocando o rival com a quantidade de alternativas ofensivas. Mas tem seus momentos de controle de jogo -certamente não são os preferidos do técnico Jorge Jesus- e de imposição de toque de bola até para atrair os rivais para outros lados.

Um triangular entre essas três equipes teria, por exemplo, Edmundo e Edílson se infiltrando de todos os jeitos nas costas da defesa adiantada do Flamengo treinada por Jesus, enfrentando Rafinha e Filipe Luís. E, do outro lado, Bruno Henrique impondo sua velocidade contra a categoria de Mazinho, e Gabigol achando os espaços entre Cléber e Antônio Carlos. Um duelo de meio-campistas com Zinho e César Sampaio de um lado, Everton Riberito, Gerson e Arrascaeta do outro.

E certamente o Corinthians com seu jogo de toque de bola, e Rincón atuando como o oito que dominou a final do Maracanã para tentar conter o ímpeto dos dois times - segurou o Vasco de Romário e Edmundo. Marcelinho cobraria faltas por cima da barreira para tentar vender Veloso ou Diego Alves, que, muitas vezes, pulariam no vazio tal sua precisão. Mas Bruno Henrique e Edílson seriam o tormento para Índio.

Vanderlei Luxemburgo, nos dois times da década de 90, e Jorge Jesus, com o Flamengo atual, têm muita relação com o futebol envolvente desses esquadrões. Mas a quantidade de bons jogadores que veríamos em campo é o que mais impressiona.