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OpiniãoEsporte

Briga de Bap com a torcida é pouco inteligente e prejudica o Flamengo

Impossível não lembrar da primeira grande exibição do Flamengo de Jorge Jesus, em 2019. Contra o Goiás, no Maracanã, venceu por 6 a 1, lutando por gols até o apito final e encantando a torcida. Foi o que fez o time de Filipe Luís, ao golear o Juventude por 6 a 0, também no outrora maior e mais belo estádio do mundo.

Que exibição! E que gana em busca dos gols! Confesso, temia pelo lado psicológico do time rubro-negro, por causa do problema surgido com o envolvimento de Bruno Henrique no caso das apostas da família em seu cartão amarelo, previamente decidido pelo clube, para que não corresse risco de não enfrentar o Palmeiras, em 2023.

Mas o que se viu em campo logo contrariou meus temores. Arrascaeta, uma vez mais, foi um maestro monumental: duas assistências (para os gols de Pulgar e Danilo) e um golaço de puro talento e instinto (o toque rápido matou os zagueiros e o goleiro adversários) encaminharam o triunfo que garantiu a manutenção da liderança do campeonato.

Todos jogaram bem. Até jogadores contestados como Allan (que substituiu De La Cruz) e Plata (que atuou como centroavante, no lugar de Bruno Henrique, poupado). O equatoriano fez um golaço, por cobertura, após passe perfeito de Gérson - outro grande destaque da partida.

A melhor notícia da noite, entretanto, foi Pedro. Que entrou no segundo tempo e após cruzamento certeiro de Wesley testou firme e marcou o seu primeiro gol, após sete meses afastado, por conta da cirurgia para recompor o ligamento cruzado do joelho.

Quando a bola bateu na rede, foi uma espécie de catarse coletiva no Maracanã. A volta de Pedro é fundamental para o Flamengo, ainda mais neste momento em que, muito possivelmente, Bruno Henrique será afastado dos campos por longo período.

E não ficou por aí. Pouco depois, driblando dois zagueiros, dentro da área, foi derrubado, em pênalti claro que ele mesmo bateu e perdeu, mas marcou no rebote. Um fecho perfeito para uma noite mágica no Maracanã.

Nem tudo, porém, foi perfeito. Com preços caríssimos para o poder aquisitivo do torcedor comum, o Flamengo viu despencar a presença da torcida (pouco mais de 30 mil compareceram ao jogo), que protestou com faixas e coros ofensivos ao presidente. Dois setores permaneceram fechados porque os demais não foram totalmente vendidos. Um absurdo, um equívoco gigantesco do presidente e sua diretoria.

Afastar os torcedores mais humildes do Maracanã, além de medida lamentavelmente elitista e pouco inteligente, é cuspir na história do Flamengo. Urge criar setores populares, no estádio, para que a ocupação seja plena e a nação rubro-negra empurre o seu time em todos os jogos.

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Esta briga do presidente Luiz Eduardo Baptista, o Bap, com a torcida é extremamente prejudicial ao Flamengo. O cartola precisa rever sua postura. Em prol do clube que diz amar. Arrecadação com o dia de jogo no estádio não pode ser fim. É meio, para que o time, com grande apoio das arquibancadas, vença e, com seus títulos, aumente seu faturamento em patrocínio, marketing etc.

Não é difícil entender. Muito estranho que alguém que se considera tão inteligente ainda não tenha percebido isso.

Opinião

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** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

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