Como alguém ainda pode defender o trabalho de Tite no Flamengo?
Nas últimas semanas, sabe-se lá o porquê, uma espécie de mutirão de jornalistas saiu a defender o trabalho de Tite no Flamengo. O torcedor rubro-negro que o criticava foi chamado de "mimado", "mal acostumado", "modinha", "formado em 2019" e por aí vai.
O fato de ainda estar vivo em três competições era exaltado como os doze trabalhos de Hércules e como se as três taças estivessem ali, ao alcance da mão, quase na Gávea. Mesmo com o futebol mequetrefe que a equipe do professor Adenor vinha praticando rodada após rodada, competição após competição.
A desastrosa atuação contra o Corinthians, time do Z-4 que terá enormes dificuldades para escapar do rebaixamento, foi mais do mesmo. Apesar de uma escalação forte no papel (Rossi, Varela, Fabrício Bruno, David Luiz e Ayrton Lucas; Pulgar, Léo Ortiz e Gérson; Luís Araújo, Pedro e Bruno Henrique) o jogo do Flamengo foi medíocre como sempre tem sido.
Lentidão absurda na saída da defesa para o ataque; toques sem fim para o lado, para trás e para o goleiro; chutões pra frente (quase todos a esmo) e a mais completa inexistência de jogadas ensaiadas no meio-campo e no ataque.
Um deserto de ideias. Ou um jogador tira da cartola uma jogada individual ou nada acontece.
O Corinthians, que jogou com o coração na ponta da chuteira e teve um Rodrigo Garro monumental no meio-campo (onde não teve a menor vigilância) foi superior o tempo inteiro. O empate rubro-negro graças a um pênalti verdadeiro, mas absolutamente casual (não era nem sequer uma grande jogada do ataque do Fla) foi injusto. E a derrota, merecida, veio na segunda etapa. Inapelável.
Após quase um ano no comando do elenco mais caro do continente, o padrão de jogo (se é que se pode chamar assim) que Tite implantou no Mais Querido é pavoroso. Um pastiche de sistema posicional que repete os piores momentos de Domènec Torrent, Paulo Sousa, Vitor Pereira e Jorge Sampaoli.
Seu trabalho é indefensável. A zaga é uma peneira, que toma gols de bolas aéreas sem parar e tem, nas costas de Ayrton Lucas, verdadeira avenida. Seu meio-campo não consegue armar nada, pois os atacantes, na maioria das vezes, estão parados em seus "quadrados" esperando a bola chegar, entregues à marcação. Na frente, não há nem sequer um esboço de jogadas ensaiadas. Não há nada, além de cruzamentos altos sobre a área que, na maioria das vezes, tem apenas o centroavante marcado por três.
Não é possível que alguém ache que isto está bom. Aos colegas, muitos deles queridos amigos, faço apenas um apelo: Parem! Simplesmente parem de tentar defender algo que é impossível de ser defendido.
O trabalho é tão ruim que temo que nem os reforços recém-chegados sejam capazes de reverter a situação. Se foram colocados para jogar dentro do pavoroso sistema de jogo de Tite, pouco poderão fazer.
Em tempo: vocês conhecem algum rubro-negro que tenha prazer em ver os jogos do Flamengo, sob o comando de Tite? Pois é...
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