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Rossi garante a vaga de um Flamengo armado covardemente por Tite

É claro que o mais importante era a classificação. E ela veio, com atuações heroicas dos jogadores rubro-negros nas adversas condições da altitude de La Paz. Mas, apesar da vaga, muitos rubro-negros terminaram a partida descontentes. Alguns, cuspindo marimbondos.

Com razão: Tite voltou a armar seu time de forma covarde e excessivamente defensiva, e mesmo assim precisou ser salvo por uma noite iluminada do goleiro Agustín Rossi, que fez pelo menos três defesas salvadoras (além de duas bolas nas traves).

Não fossem elas, o Flamengo teria sido eliminado pelo Bolívar ou, no mínimo, precisaria disputar nos pênaltis o direito de passar às quartas de final, onde enfrentará agora o Peñarol.

Confesso que, em meus quase 50 anos de profissão (desde fevereiro de 1976, no JB), não me recordo de nenhum time grande basear toda a sua estratégia em chutões de seu goleiro em direção ao campo rival. Muito menos o Flamengo.

Pois foi assim que o Mais Querido jogou em La Paz. Até conseguiu algumas poucas chances, com Gerson, Carlinhos e Ayrton Lucas, mas desperdiçou todas sem que o goleiro Lampe precisasse fazer uma grande defesa sequer.

Tite errou feio ao preterir Bruno Henrique por Carlinhos (a desculpa de que o guardava para o segundo tempo é risível) e, pior, quando enfim colocou o ponta-esquerda em campo, retirou De La Cruz e Gerson, os únicos com capacidade para fazer a bola chegar a ele com um mínimo de qualidade.

Nem empilhando zagueiros e volantes (terminou com uma linha de cinco, com três cães de guarda em frente à área) o técnico neutralizou o ataque boliviano, que só parou no goleiro argentino, em sua melhor atuação desde que chegou ao clube.

Dos últimos cinco jogos, o Flamengo perdeu quatro (Bolívar, Botafogo, Palmeiras pela Libertadores e São Paulo) e empatou um (Palmeiras, no Brasileiro).

Os muitos desfalques por contusões podem ser apontados como uma das causas da decadência técnica, mas não justificam a covardia tática - algo que a maior torcida do Brasil jamais aceitou ou aceitará.

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Apesar de ainda estar bem colocado no Brasileiro e vivo na Copa do Brasil e na Libertadores, o futebol exibido não justifica otimismo. Os reforços da janela (que chegam atrasadíssimos) podem até melhorar o quadro atual, mas todos serão comandados por Tite. E esse é o maior dos problemas.

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

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