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Renato Mauricio Prado

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

O grande vilão do futebol do Flamengo chama-se Marcos Braz

Renato Maurício Prado

14/04/2023 00h23Atualizada em 14/04/2023 00h23

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O estrago que a catastrófica passagem de Vitor Pereira causou no Flamengo vai demorar a ser reparado - até mesmo por Jorge Jesus, se ele de fato vier. O maior vilão rubro-negro neste vergonhoso início de temporada, entretanto, é outro: o vice-presidente de futebol Marcos Braz, responsável direto pelo caos instaurado no campeão da Copa do Brasil e da Libertadores, na temporada passada.

Esta sua última ação danosa (há várias outras, anteriores) começa no dia em que a equipe dirigida por Dorival Júnior conquista, pela terceira vez, o título continental. E a sucessão de lambanças, de lá para cá, merece ser explicitada uma a uma.

1) Ainda no vestiário puxa o ridículo e arrogante coro de "Real Madrid, pode esperar, a sua hora vai chegar" - canto que, diante do vexame no Mundial, se tornou arma dos torcedores adversários para tripudiar sobre o Fla. Inclusive em Maringá, após a vergonhosa derrota por 2 a 0, pela Copa do Brasil.

2) Aceita que os titulares se coloquem em férias, a partir do dia seguinte do triunfo sobre o Atlético Paranaense e o resultado é um final de temporada ridículo, com derrotas seguidas sem o time principal, que só voltou na última rodada, para o jogo de despedida dos dois Diegos. E ainda perdeu para o Avaí, lanterna da competição em pleno Maracanã.

3) A desmobilização, que durou 60 dias, teve 45 de férias oficiais. Isso com o Flamengo sabendo que disputaria um Mundial no início do ano. Impossível entrar em forma em tão pouco tempo, após tão longa paralisação de treinos e quaisquer atividades físicas.

4) Decide não renovar o contrato de Dorival Júnior, treinador campeão de dois dos três mais importantes torneios do calendário brasileiro, para trocá-lo por Vitor Pereira, técnico que foi derrotado por ele nas duas competições. Bestial!

5) Não cumpre a promessa feita (em campanha para deputado federal) de contratar, ao menos, três reforços, "um deles a nível mundial", em caso de conquista da Libertadores. O elenco rubro-negro continua sem um lateral-direito decente, sem um reserva para Arrascaeta e sem um volante capaz de suprir a absurda venda de João Gomes. Isso para ficar nas carências mais gritantes.

6) Vende João Gomes, sem que o clube necessitasse de dinheiro neste início de ano, e traz Gérson, como se este pudesse ser reposição do outro. Eles têm características completamente distintas e o Coringa ainda voltou completamente fora de forma da França.

7) Se dobra a toda e qualquer reivindicação dos jogadores, notadamente os mais famosos, como Gabigol, Éverton Ribeiro, David Luiz etc., e concorda em distribuir folgas a torto e a direito, embora em início de temporada e com a equipe nitidamente fora de forma física e técnica.

8) Resistiu muito a aceitar a volta de Jorge Jesus (que ainda nos tempos calamitosos de Paulo Sousa se mostrou disposto a retornar, quando estava disponível) e só aceita conversar agora, porque sabe que seu prestígio está abaladissimo com a torcida, que anseia pela volta do Mister, como única saída para reviver os bons tempos.

9) Mantém em diversos cargos no departamento de futebol parceiros que não tem qualificação nem expertise suficientes para exercer tais funções, num clube de faturamento bilionário, que deveria ter em seus quadros os melhores profissionais do ramo. Vide Bruno Spindel (um mero negociador de contratos), Fabinho e Juan, que, candidamente, respondeu aos questionamentos da má forma física do elenco, no importantíssimo início de temporada, dizendo que "talvez, no meio do ano, quando as outras equipes começarem a mostrar desgaste, nós estejamos voando"...

10) Não custa lembrar também, contratou Domènec Torrent, Paulo Sousa e Vitor Pereira, três treinadores adeptos do jogo posicional, estilo detestado pelos principais jogadores do elenco, que precisam de liberdade e do estilo rotativo de jogo para exibirem suas melhores qualidades. Não satisfeito com isso, caso Jorge Jesus não venha, pensa em Sampaoli, outro apaixonado pelo jogo de posição.

11) Importante lembrar, as multas rescisórias pagas por suas escolhas desastrosas de treinador já se aproximam de R$ 40 milhões.

O que falta para o presidente Rodolfo Landim contratar um executivo de futebol profissional e competente, tornando Braz uma rainha de Inglaterra? Ou é isso, ou esperar pelo Mister e deixar que ele, uma vez mais, tome conta de tudo no departamento de futebol.