Topo

Renato Mauricio Prado

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Tetra da Copa do Brasil, Flamengo tem lições para a Libertadores

Jogadores do Flamengo levantam taça da Copa do Brasil após vitória nos pênaltis contra o Corinthians - Thiago Ribeiro/AGIF
Jogadores do Flamengo levantam taça da Copa do Brasil após vitória nos pênaltis contra o Corinthians Imagem: Thiago Ribeiro/AGIF

20/10/2022 08h05

Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail

Email inválido

Apesar do enorme e inesperado sofrimento, a noite rubro-negra acabou sendo perfeita. O Flamengo conquistou o tetracampeonato da Copa do Brasil (que lhe garante vaga na fase de grupos da Libertadores, na próxima temporada) e teve ainda importantes alertas para a decisão mais importante do continente, que disputará no próximo dia 29, contra o Athletico Paranaense de Luís Felipe Scolari, em Guayaquil.

Ao contrário do que acontecera na primeira partida, na Neo Química Arena, quando foi superior e merecia ter vencido, dessa vez, no Maracanã, o time de Dorival Júnior foi amplamente superado pelo de Victor Pereira, no segundo tempo, e esteve a uma bola de ser derrotado na final da Copa do Brasil, o que representaria um fiasco gigantesco, diante da inegável superioridade técnica sobre o rival.

Após um início avassalador, quando poderia ter liquidado a disputa, ainda no primeiro tempo (fez 1 a 0, com gol de Pedro, com seis minutos de bola rolando e teve um segundo tento anulado por centímetros), o Flamengo foi recuando e entregando o controle da partida ao rival, sendo envolvido a ponto de só não perder o título, nos pênaltis, porque Fagner, primeiro, e Mateus Vital, depois, permitiram que o rubro-negro revertesse uma desvantagem (a partir da cobrança frustrada de Filipe Luís) que parecia fatal. Para coroar a improvável conquista, coube a Rodinei fazer a última cobrança rubro-negra, que lhe garantiu o título. Herói mais improvável, impossível.

O Flamengo campeão da Copa do Brasil, entretanto, precisa ter consciência de que vários erros precisarão ser corrigidos para conseguir o título maior que busca, o da Libertadores. A saber:

1) Não é possível continuar desperdiçando oportunidades claras, como aconteceu com Arrascaeta e o próprio Gabriel, que mesmo nos lances em que estava impedido, por centímetros, chutou na trave (ambos os gols anulados foram marcados no rebote). Pedro segue sendo o único atacante decisivo e confiável.

2) João Gomes faz uma falta gigantesca - e é um absurdo a diretoria ter como plano vendê-lo na próxima janela. Vidal não tem condições de ser seu substituto. E o possível desfalque de Thiago Maia (substituído por sentir o joelho) é preocupante. Ainda mais porque Vidal jogou no sacrifício, com um tornozelo inchado, e torceu o outro, durante o jogo.

3) O Flamengo não tem reserva para Arrascaeta e o uruguaio, provavelmente por causa da pubalgia, não está rendendo nem 50% do que já foi capaz. O gol que perdeu (e poderia ter liquidado a decisão) foi prova disso. Para a próxima temporada, é obrigatório trazer alguém. Para a final da Libertadores, resta poupá-lo e torcer para que, num lance ou outro, ainda seja capaz de desequilibrar.

4) Dorival não tinha muitas opções no banco. Mas insistir com Matheusinho como volante, após atuação fraquíssima nessa posição, contra o Atlético Mineiro, demonstrou falta de percepção. O técnico fez um trabalho excepcional na recuperação de uma equipe destroçada pelo trágico trabalho de Paulo Sousa. Mas na final, mostrou limitações e a torcida foi dormir revoltada com ele, apesar do caneco.

5) Apesar do evidente desgaste físico de Arrascaeta e Pedro (que sentia problemas estomacais), tirá-los da partida, com a perspectiva de uma possível decisão por pênaltis, foi, no mínimo, uma escolha controversa.

O resumo da ópera é que Dorival precisa corrigir algumas coisas importantes até a final da Libertadores. E as falhas na decisão que acabou vencida, na Copa do Brasil, podem ajudá-lo a fazer as melhores escolhas. Se tivesse perdido, a pressão seria gigantesca. Como venceu, pode trabalhar nos próximos oito dias com tranquilidade. Mas há um trabalho de casa a ser feito. O jogo no Maracanã evidenciou isso.

Em tempo: apesar do título da Copa do Brasil, se o Flamengo perder a Libertadores, a temporada acabará com gosto de cabo de guarda-chuva, como dizia a minha avó...