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Renato Mauricio Prado

ANÁLISE

Texto baseado no relato de acontecimentos, mas contextualizado a partir do conhecimento do jornalista sobre o tema; pode incluir interpretações do jornalista sobre os fatos.

Eu não quero falar de Rogério Ceni. Mas ele não deixa...

04/07/2021 23h25Atualizada em 04/07/2021 23h27

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Hoje não quero falar de Rogério Ceni. Porque não aguento mais. Porque os erros se repetem, jogo após jogo, e não há nem de longe sinais de melhora. Porque nem mesmo as ausências de jogadores importantes, como Gabigol, Arrascaeta, Éverton Ribeiro, Isla e agora Gerson justificam atuações tão medíocres. E derrotas seguidas - já são três em apenas sete rodadas.

De que adianta dominar a posse de bola, imprensar o adversário em seu próprio campo e finalizar inúmeras vezes se a bola não entra? A culpa é dos jogadores, como sugeriu dissimuladamente o treinador, na entrevista coletiva? E quem os treina, inclusive nas finalizações? Pois é...

Mas, como já disse, hoje não quero falar de Rogério Ceni. Prefiro lembrar que dois outros supostos candidatos ao título estão em situação pior: o Grêmio, de Thiago Nunes, e o São Paulo de Hernan Crespo. O técnico do tricolor gaúcho foi demitido, após ser derrotado, em casa, pelo Atlético Goianiense, permanecendo na lanterna da tabela. Sete jogos, cinco derrotas e dois empates, kaput!

Já o argentino Crespo ainda tem crédito, por conta da conquista do Campeonato Paulista. Que, ironicamente, me parece ser o motivo maior deste início desastroso no Brasileiro. Focaram tudo, preparação física, inclusive, para vencer o Estadual, que chegaram a chamar de sua Copa do Mundo. Natural, após o título, viraram o fio. Em termos físicos e emocionais. Dá pra recuperar? Creio que sim. Mas não para lutar pelo Brasileiro. Aí, pergunto: foi bom negócio?

E como não quero falar de Rogério Ceni, prefiro louvar o Red Bull Bragantino que lidera o campeonato com autoridade e já derrotou o São Paulo, o Flamengo e o Palmeiras! Cavalo paraguaio? Lá pra frente, pode até ser, mas por enquanto galopa firme e forte na ponta. Sob o comando do nosso ex-estagiário Maurício Barbieri. Será ele capaz de se firmar, no futuro, à frente de um grande clube? A conferir. Outros treinadores promissores, como Fernando Diniz e Thiago Nunes, até agora não conseguiram...

Eu não quero falar de Rogério Ceni, mas quando vejo atuar tão bem um time mais limitado tecnicamente como o Red Bull, impossível não perceber diferenças gritantes. A equipe de Bragança Paulista sabe exatamente o que fazer em campo. A do Flamengo, não tem a menor ideia. Avança e pressiona os rivais, mas diante de defesas bem postadas, em dias em que seus jogadores não conseguem resolver, através de lances individuais, nada acontece.

Não se vê uma jogada ensaiada ou uma trama ofensiva bem executada, com base em planejamento tático. É só um jogador pregado num extrema; outro, na outra (Matheusinho, na direita, Michael, na esquerda). E tome de bola alta sobre a área. Nas faltas, nos escanteios e nos cruzamentos pelos lados dos campos. Uma, duas, três, trinta vezes por partida. Na maioria das vezes, sem resultado algum.

Mas eu não quero falar de Rogério Ceni. Prefiro analisar a péssima forma física e técnica de Bruno Henrique! O que está havendo? Os preparadores físicos do clube não são capazes de identificar os motivos de tamanha queda de rendimento? Ele não merece um trabalho especial, individualizado? E quem deveria notar o problema e pedir por isso? Desaprender de jogar futebol, obviamente, não desaprendeu.

Eu não quero falar sobre Rogério Ceni, mas é impossível deixar de registar mais um erro absurdo, ao substituir João Gomes (o pulmão do meio-campo) por Thiago Maia, ainda evidentemente sem ritmo algum, após oito meses afastado por contusão seríssima, corrigida por cirurgia de reconstrução de ligamentos. Como um ex-atleta não sabe disso? Maia pode até vir a ser o substituto ideal para Gerson. Mas não agora. Não tão cedo.

Nos meus tempos de repórter, assistíamos a todos os treinamentos à beira do gramado e podíamos avaliar, rotineiramente, quais jogadores estavam bem, quais estavam mal e quais eram os planos táticos dos treinadores - com quem conversávamos todos os dias. Agora, tudo mudou e o único que se tem para avaliar os trabalhos dos técnicos e das equipes são os jogos.

E, pelo que se vê do Flamengo, as coisas não andam nada bem no atual bicampeão brasileiro - onde já surgem rumores de insatisfação de alguns jogadores (importantes) com os métodos do técnico. Eu não queria falar sobre Rogerio Ceni. Mas ele não deixa...

Levar nó tático de Roger Machado, nos 15 minutos finais do Fla-Flu, decididamente, foi demais!