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Renato Mauricio Prado

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Rogério Caboclo tem que sair. Mas, infelizmente, a CBF pouco mudará

05/06/2021 02h26Atualizada em 05/06/2021 02h30

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O presidente da CBF não tem mais condição alguma de permanecer no cargo. A reportagem de Gabriela Moreira e Martin Fernandez, bem como os detalhes sórdidos da denúncia da funcionária da CBF, revelados por Lauro Jardim, são devastadores. Se Rogério Caboclo não renunciar, precisa ser afastado. Imediatamente.

É mais uma vergonha para o futebol brasileiro, que tem novamente o seu dirigente máximo envolvido em escândalos. Já não bastava ter três outros afastados por denúncias de corrupção e banidos do esporte? Um foi preso nos EUA (José Maria Marin) e outros dois (Ricardo Teixeira e Marco Polo del Nero) sequer podem sair do país, pois seriam, igualmente, encarcerados pelo FBI.

Não sei se a saída de Caboclo é suficiente para evitar o pedido de demissão de Tite e a resolução dos jogadores do atual grupo em não disputar a Copa América. Mas se ele se mantiver na presidência até lá, esta será a sua pá de cal. Resta saber o que fará seu substituto - tanto em relação ao treinador quanto à malfadada e indesejada competição continental.

Está aí o maior drama do futebol no Brasil. Seja qual for o próximo mandatário, continuará no poder o mesmo grupo, liderado, ainda, por Marco Polo del Nero, que indicou todos os atuais vice-presidentes e o próprio Rogério Caboclo, até então o seu pupilo predileto.

Foi justamente por querer demonstrar certa autonomia em relação ao antigo chefe e padrinho que o atual presidente começou a cair em desgraça. E até os mármores de carrara da suntuosa sede da CBF, na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, sabem que partiram da turma de Del Nero os vazamentos do atual escândalo.

Caboclo se deslumbrou, enriqueceu a olhos vistos (reportagem de Diego Garcia, no UOL, revelou que comprou um apartamento de R$ 10,5 milhões à vista, na Barra da Tijuca e que tal transação era apenas mais uma num processo alucinante de aumento de patrimônio, desde 2013) e começou a se sentir independente, ainda que áudios divulgados pela ESPN, em reportagem de Pedro Ivo Almeida, mostrassem que, em 2018, ele ainda confessava a Edu Gaspar (então diretor de seleções) que precisava ouvir o antigo presidente, antes de tomar decisões.

Mas aí, cometeu o erro fatal. Passou a perseguir e assediar uma funcionária que era sabidamente uma daquelas pelas quais Del Nero mais tinha apreço na CBF. Inconscientemente, talvez, tenha sido esse o seu grito de independência. E acabou sendo o seu fim. Del Nero e sua turma não o perdoaram e os vazamentos para inviabilizar sua permanência no cargo chegaram ao ponto máximo na última quinta-feira. Caboclo está acabado como dirigente esportivo e corre sério risco de ainda ser incriminado na justiça comum.

Tornou-se o que os americanos, na política, chamam de "lame duck" (pato manco). Aquele que, na caçada, está condenado à morte. Já vai tarde. O triste para o futebol brasileiro é que será sucedido por alguém da mesma turma. E Del Nero, banido do futebol pela Fifa, seguirá dando as cartas por aqui. Até quando?

Bolinha murcha

As eliminatórias sul-americanas, a Copa América, e 90% dos confrontos sul-americanos são autênticos "Me Engana Que Eu Gosto" para a seleção brasileira. Mas, acreditem, houve quem gostasse do futebolzinho fuleiro jogado na vitória por 2 a 0 sobre o Equador. Depois, não reclamem de mais uma eliminação numa Copa do Mundo. Jogando essa bolinha murcha, quando enfrentar as melhores seleções europeias, esse time do Tite não vai a lugar algum.

Cenas constrangedoras

Tite precisava colar sua cabeça à de Caboclo, pouco antes do jogo, no Beira-Rio? E ainda aceitar um carinho do cartola, com a mão em seu rosto? Tome tenência, Adenor!

À espera

De uma raposa felpuda, sempre muito bem-informada das coisas da CBF e do Flamengo:

- Bem está o Renato Gaúcho. Na praia, esperando qual cavalo vai passar arreado primeiro: a seleção ou o Flamengo...