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Renato Mauricio Prado

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Messi, Cristiano Ronaldo e Federer em busca de seus cantos de cisne

Messi durante confronto entre PSG x Barcelona na Liga dos Campeões - GONZALO FUENTES/REUTERS
Messi durante confronto entre PSG x Barcelona na Liga dos Campeões Imagem: GONZALO FUENTES/REUTERS

11/03/2021 11h32

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Lendas não morrem jamais. Mas, infelizmente, até os nossos super-heróis, com o passar do tempo, vão perdendo seus superpoderes e, embora os mantenhamos vivos em nossas memórias, é sempre duro constatar que são mortais e envelhecem.

No dia em que Zico se despediu do futebol, numa linda festa no Maracanã, voltei pra casa com a amarga sensação de que perdera um parente próximo e querido. Claro, ele não morrera (graças a Deus, está vivíssimo e esbanjando saúde até hoje), mas a carreira do supercraque, do monstro sagrado, do messias rubro-negro que acompanhei tão de perto, no Flamengo e na seleção brasileira, chegara ao fim (meses depois voltaria a jogar do outro lado do mundo, no Japão, mas essa já é outra história).

Nos últimos dois dias, guardadas as devidas proporções (o Galo sempre será, disparado, o meu maior ídolo no esporte), iniciei a preparação para outras despedidas que, ainda tenho esperança, não sejam tão imediatas, mas começam a se desenhar inexoravelmente no horizonte esportivo. Refiro-me a Cristiano Ronaldo e Messi, no futebol, e Roger Federer, no tênis.

Na terça-feira passada, a Juventus, de Cristiano, e na quarta, o Barcelona, de Lionel, foram eliminados nas oitavas de final da Liga dos Campeões. É a primeira vez, em 16 anos, que isso acontece: não ter nenhum dos dois melhores jogadores do planeta nas quartas-de-final na principal competição de clubes do mundo. Ronaldo e Messi estão acabados? Ainda não. Mas, claramente, já não são os mesmos.

Tanto o argentino quanto o português construíram suas carreiras como autênticos "uomo squadra" (em tradução livre, o homem que, sozinho, vale por uma equipe). Sim, é verdade que em seus momentos mais gloriosos, estiveram cercados por outros craques excepcionais - o que não acontece atualmente. Mas, na hora H, eram eles os pontos de desequilíbrio, os fora-de-série que faziam a diferença - decidiam e encantavam até os torcedores adversários.

Muito provavelmente, Lionel e Cristiano trocarão de camisa ao final da atual temporada. Biliardários como são, creio eu, devem dar preferência a clubes nos quais possam estar mais bem acompanhados e voltar a disputar os maiores títulos do velho e violento esporte bretão. Tomara. Mas, seja como for, o fato é que iniciaram (torço para que lentamente) o penoso caminho de descida do altíssimo cume que alcançaram. Quem serão seus sucessores? Neymar (já me parece um pouco velho pra isso), Mbappé, Haaland?

Trocando os gramados pelas quadras, situação semelhante vive o gigantesco Roger Federer. Aos 39 anos, após um ano parado e duas cirurgias no joelho, o tenista voltou a jogar no torneio do Catar e venceu seu jogo de estreia, com mais dificuldades do que seria normal em seus bons tempos. Mas o que me preocupou nem foi sua atuação, por vezes brilhante, por vezes errática, mas a entrevista que deu, dizendo que as dores no joelho operado estão "controladas".

Para enfrentar um Novak Djokovic sedento por quebrar todos os recordes (acaba de superar o número de semanas de Federer, como número 1) e um Rafael Nadal ainda imbatível no saibro de Roland Garros e adversário respeitável em todos os pisos, me parece pouco.

Até porque adversários mais jovens, como Danil Medvedev, Dominic Thiem, Alexander Zverev e Stefanos Tsitsipas também surgem como ameaças reais ao seu sonho de voltar a conquistar um título de Grand Slam (retomando a liderança, agora dividida com Nadal, com 20 taças para cada um). Wimbledon, talvez, quem sabe? Seria um lindo canto de cisne. Mas ainda será possível?

Adoraria ver Lionel Messi, Cristiano Ronaldo e Roger Federer se despedir em momentos de glória - como Pelé, na Copa do México; Michael Jordan, em sua "Last Dance" e Pete Sampras, ganhando mais um US Open. Os três já estão no panteão dos maiores do esporte em todos os tempos. Que pena que o tempo passa. Que bom que tivemos (e ainda temos) a oportunidade de vê-los em ação.