Flu raçudo mereceu bater Fla sem tesão

O Fluminense jogou uma final de Copa do Mundo. Diria o tricolor Nélson Rodrigues, disputou cada bola como um prato de comida. E entrou em campo esfomeado. Já o Flamengo, principalmente no primeiro tempo, parecia um gato angorá gordo e preguiçoso. Encarou o compromisso, que poderia lhe garantir duas taças de uma vez só, como um tedioso coletivo. Sem tesão! Certo que ganharia quando quisesse. Não ganhou. Empatou, a duras penas. E acabou justamente castigado na disputa por pênaltis.
Foi, com certeza, a pior partida do rubro-negro no ano. E a melhor do tricolor. Mas o Fla-Flu, como espetáculo foi ruim. Bem ruim. Prova disso, os goleiros Diego Alves e Muriel só foram fazer defesas difíceis nas cobranças das penalidades máximas que decidiram o título da Taça Rio. Nos 90 minutos, nenhuma das equipes conseguiu criar muita coisa no ataque, além dos gols.
O esquema tático armado por Odair Helmann acabou sendo o destaque da noite. Com praticamente todos os jogadores postados atrás da linha da bola, tirou os espaços da equipe de Jorge Jesus e compensou a conhecida diferença técnica entre as duas equipes com suor. Doses cavalares de suor. Havia sempre dois ou três tricolores disputando a jogada contra um rubro-negro. E, na maioria das vezes, levavam vantagem.
Do lado do Flamengo, Éverton Ribeiro, Arrascaeta, Gabigol e Bruno Henrique (que perdeu de forma incrivelmente bisonha, um gol feito), tiveram atuações abaixo da crítica. Simplesmente, erraram tudo. Uma jornada para esquecer. E se os principais nomes do time foram mal assim, imaginem Léo Pereira, em noite desastrosa com direito a fecho de outro, na cobrança bisonha que desperdiçou na disputa por pênaltis. Até Jorge Jesus esteve irreconhecivelmente apático, à beira do gramado - seria um reflexo de sua indecisão sobre o futuro? Se vai ou fica?
A obscura jornada rubro-negra, na verdade, começou bem antes de a bola rolar, com a inacreditável postura dos dirigentes da Gávea, que tudo fizeram, em conluio com a Federação de Futebol do Rio de Janeiro, para também poder transmitir a partida em sua própria TV, embora o direito fosse do Fluminense, de acordo com a Medida Provisória que o próprio Flamengo cunhou, juntamente com o presidente Jair Bolsonaro.
Chegaram a conseguir tal direito, no Tribunal de Justiça Desportiva, mas pouco antes de a bola rolar, o Supremo Tribunal de Justiça Desportiva cassou a permissão. Após a péssima repercussão da manobra (condenada até pela maioria dos flamenguistas), o presidente Rodolfo Landim foi à Fla TV dizer, candidamente, que toda a batalha jurídica fora apenas para garantir que ninguém ficasse sem ver a final, pois temia problemas legais entre o Fluminense e a Rede Globo... A quem Landim pensa que engana?
Que venham os dois jogos que agora decidirão este malfadado e vergonhoso Carioquinha. O Flamengo segue sendo favorito - até porque é pouco provável que volte a jogar tão mal. Mas o Fluminense já provou que não está morto. E merece respeito. Fla-Flu nunca teve vencedor antecipado.
A certeza do Bagá
Recebo telefonema do Bagá, logo após o jogo. Enfurecido, o ciclope culpa os cartolas, que tumultuaram o ambiente o dia inteiro:
- Aposto que o Landim e o Bap fizeram preleção antes do jogo. O time se portou em campo com a insuportável arrogância deles.
Acho que o formidando crioulo está prenhe de razão.
Torcendo as mãos
A TV Flu chegou a ter 3,6 milhões de espectadores simultâneos na hora disputa por pênaltis. Recorde absoluto de "lives" no YouTube. Imaginem como Rodolfo Landim e Bap devem estar torcendo as mãos, imaginando os números que podem ser alcançados nas partidas finais - o Flamengo tem o mando na segunda. Alguma dúvida de que tentarão cobrar uma grana dos torcedores? Que pelo menos não seja através daquele desastroso aplicado do Mycujoo...