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Renato Mauricio Prado

Renato Mauricio Prado: O Palmeiras piscou

07/10/2019 04h00

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As quatro vitórias consecutivas do Palmeiras, sob o comando de Mano Menezes, deram aos torcedores e até a muitos jornalistas a impressão de que o novo treinador conseguira, num passe de mágica, resolver todos os problemas do time que, sob o comando de Luís Felipe Scolari, desandara após a Copa América.

As duas últimas rodadas indicam que não é bem assim. Com dois empates seguidos, o Palmeiras permitiu que o líder Flamengo abrisse cinco pontos de distância. E voltou a demonstrar a velha dificuldade de enfrentar rivais mais qualificados que sabem se defender bem - como foi o caso do Atlético Mineiro, que esteve perto da vitória, no Allianz Parque.

É obrigatório lembrar que os quatro triunfos consecutivos, desde a estreia de Mano, foram todos contra adversários da parte de baixo da tabela de classificação, lutando contra o fantasma do rebaixamento: Goiás, Cruzeiro, Fortaleza e CSA. A prova dos nove começou agora. Empate com o Internacional, no Beira-Rio (não é um mau resultado) e com o Atlético Mineiro, que vinha se tornando um autêntico saco de pancadas, no Allianz.

Nesse último jogo, a incapacidade de criar no ataque e a exposição da zaga na defesa lembraram os últimos tempos de Scolari. Mesmo atuando retrancado, o Atlético poderia ter feito uns três gols no primeiro tempo - Weverton realizou grandes defesas, impedindo que a vantagem fosse maior que o 1 a 0, que os mineiros levaram para o intervalo. E o empate só veio, no final, numa jogada genial de Dudu com Gustavo Scarpa (como podem colocá-lo no banco de Lucas Lima?). Além disso, só bola alta cruzada na área. Muito pouco para um elenco tão caro e qualificado.

É óbvio que não há nada decidido no campeonato. O Palmeiras ainda tem condições de descontar a diferença para o Flamengo e brigar pelo título. Mas precisa mostrar que, sob o comando de Mano, voltou a jogar um futebol que lhe permita sonhar com o título.

A próxima partida, contra o Santos, terceiro colocado, na Vila Belmiro, é uma boa oportunidade de provar isso. Mas se tropeçar e a distância aumentar, a coisa começará a ficar feia.

As pernas pesam

O primeiro tempo do Flamengo em Chapecó foi à altura do futebol que o time de Jesus vem jogando nas últimas partidas (nove vitórias em dez jogos, no Brasileiro, e uma grande exibição contra o Grêmio, na Arena, pela Libertadores). Mas depois do intervalo, com a vantagem de 1 a 0, ficou evidente o desgaste físico da equipe rubro-negra, que se poupou e permitiu até que a lanterna Chapecoense esboçasse uma tímida reação.

No final das contas, os três pontos foram conquistados e, como bem disse Jorge Jesus, depois da vitória, era isso que interessava. Os jogos que estão por vir, porém, prometem ser grandes desafios para o líder do campeonato. Nas duas próximas rodadas, sem Rodrigo Caio, Filipe Luís, Arrascaeta e Gabigol e com os demais titulares evidentemente desgastados, não deverá ser fácil ganhar do Atlético Mineiro (que jogou bem, diante do Palmeiras), no Maracanã, e, principalmente, do Athletico Paranaense, na Arena da Baixada.

Com tantos desfalques fica cada vez mais difícil para o técnico português poupar alguém - até porque o nível dos reservas é muito inferior ao dos titulares. Mas do jeito que a coisa vai, jogadores importantes como Gerson, Rafinha, Everton Ribeiro e Bruno Henrique podem acabar chegando à segunda partida com o Grêmio, pela Libertadores, extenuados.

Jesus terá que operar alguns milagres para ganhar o Brasileiro e a Libertadores, como pretende. O vistoso cobertor rubro-negro impressiona, mas é curto. Que o digam Vitinho, Piris da Mota, Berrio e que tais.

Disparidade

Com quatro derrotas e um empate nos últimos cinco jogos, a carruagem de Eduardo Barroca virou abóbora e lhe custou o cargo. Após perder o clássico para o Fluminense, o Botafogo que se cuide, pois a zona do rebaixamento se aproxima rapidamente.

A essa altura do campeonato é chocante a diferença de pontuação do Flamengo para os demais cariocas. O Fla tem 52 pontos (recorde em 23 rodadas, na história do campeonato por pontos corridos), Botafogo e Vasco, 27, e o Fluminense, 25. Enquanto o rubro-negro lidera, os outros três lutam para evitar novo rebaixamento.

O VAR milimétrico

Fica cada vez mais evidente que a Fifa precisa rediscutir o uso do VAR na análise dos impedimentos milimétricos. Casos como o dos gols anulado de Gabigol, contra o Grêmio, e Werley, do Vasco, na partida com o Corinthians, e do gol validado de Bruno Henrique, diante da Chapecoense, são impossíveis de elucidação indiscutível - para mim, os três foram mesma linha. Não há imagem ou software capaz de acabar com as duvidas É preciso repensar a forma de lidar com a linha de impedimento. Do jeito que está, mais confunde do que esclarece.