Rafael Reis

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Reportagem

Por que jogadores da Itália estão usando tapa-olhos de pirata nos treinos?

À primeira vista, as fotos da seleção sub-21 da Itália que viralizaram nas redes sociais nos últimos dias até parecem mostrar uma divertida brincadeira entre amigos recém-saídos da adolescência.

Afinal, o que se vê nessas imagens são garotos correndo atrás de bola de futebol com os rostos semicobertos por tapa-olhos característicos das fantasias de pirata tão comuns no Carnaval ou no Halloween.

Só que treinar com um dos olhos completamente tampados não é nenhuma zoeira que saiu da cabeça dos "ragazzi" italianos para provocar impacto nos torcedores, mas sim uma determinação do técnico Silvio Baldini.

Mas por quê?

A ideia do treinador é que, com a visão prejudicada durante os treinos, os jogadores consigam desenvolver habilidades mentais que tornem a capacidade de raciocinar dentro de campo mais rápida e precisa.

"Quero ensinar os jogadores a enxergarem o jogo não somente com os olhos, mas também com a mente e o corpo", explicou Baldini.

O comandante dos Azzurrini (como são conhecidas as seleções de base da Itália) costuma usar essa ferramenta durante 20 minutos dos treinamentos. Nem mesmo os goleiros são poupados do "look pirata".

A ideia não é propriamente nova. Baldini já havia comandado treinos como esse em pelo menos três dos seus trabalhos anteriores (Catania, Palermo e Pescara). Mas a iniciativa nunca havia despertado tanta curiosidade quanto agora.

O italiano assumiu o comando da seleção sub-21 em julho e venceu seus dois primeiros jogos na função, contra Macedônia e Montenegro. Seu objetivo é conquistar a classificação para a Eurocopa da categoria, que será disputada em 2027, na Albânia e na Sérvia.

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Assim como acontece com a equipe principal, que não participou das duas últimas Copas do Mundo, os Azzurrini também não vivem seu melhor momento.

Apesar de ser uma das recordistas de títulos europeus sub-21 (cinco, mesma marca da Espanha), a Itália não se sagra campeã da categoria desde 2024. E nas quatro edições mais recentes do torneio, sequer chegou às semifinais.

Tempo de invenções

O treinamento com tapa-olhos da seleção italiana sub-21 provavelmente causaria ainda mais estranheza caso tivesse sido descoberto pelo grande público alguns meses ou anos atrás.

Mas, desde que Luis Enrique levou o Paris Saint-Germain à conquista da Liga dos Campeões da Europa na temporada passada e transformou os franceses no "time a ser batido" no planeta, o futebol ficou mais aberto a "invencionices" e estratégias que fogem do habitual.

O espanhol é um dos técnicos mais inventivos do futebol contemporâneo: tem como hábito dar treinos de cima de um andaime (para ver melhor a movimentação dos seus jogadores) e gosta de se comunicar com os atletas utilizando microfones e fones de ouvido.

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Também é adepto de uma saída de bola toda diferentona. O PSG normalmente inicia as partidas (ou os segundos tempos) abdicando da posse e dando um bicão para fora, o mais próximo possível da linha de fundo adversária.

Reportagem

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