Ancelotti ganhou grupo após motim, relembra 1º brasileiro treinado por ele
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"Como estávamos na penúltima posição do Campeonato Italiano, tivemos uma reunião com o Ancelotti para tentar colocar a casa em ordem. E aí, rolou de tudo. Os jogadores foram para cima dele e teve até ofensa pessoal. Eu nunca tinha visto jogadores falarem daquele jeito com um treinador."
"Ele não se exaltou em nenhum momento. Ouviu tudo e agradeceu aos jogadores por falarem o que estavam pensando. Não puniu ninguém, não tirou ninguém do time. Foi assim que nos conquistou."
O relato acima é a lembrança mais forte que o primeiro brasileiro dirigido por Carlo Ancelotti tem das duas temporadas que passou convivendo diariamente com o novo técnico da seleção canarinho.
O ex-lateral direito Zé Maria, famoso pela passagem pela Portuguesa e que disputou 27 partidas com a camisa amarelinha na virada do século, foi comandado por Carletto entre 1996 e 1998 no Parma -o volante Amaral, ex-Palmeiras, também fazia parte daquele elenco.
"Ele tinha acabado de subir com a Reggiana para a primeira divisão. Era sua primeira experiência na Serie A e não tinha nem 40 anos. Hoje, é normal técnicos mais novos. Mas, naquela época, era algo raro de se ver", afirmou Zé Maria, em entrevista por telefone ao "Blog do Rafael Reis".
"O Ancelotti já ouvia muito os jogadores, prestava atenção no que a gente dizia e administrava muito bem o elenco. Mesmo no começo da carreira, já era um grande gestor de grupo, característica que ele mostrou ao mundo nos últimos 30 anos".
E foi sem bater de frente com nenhum jogador e nem punir aqueles que ousaram ofendê-lo diante dos companheiros que ele transformou um Parma que parecia fadado a lutar contra o rebaixamento no protagonista de uma campanha histórica.
O time da temporada 1996/97 embalou depois de "lavar a roupa suja", chegou a ficar dois meses sem perder nem sequer uma partida e terminou o Italiano como vice-campeão, a apenas dois pontos da Juventus.
Esse é até hoje o melhor resultado do Parma e o responsável por alavancar as carreiras de nomes como Gianluigi Buffon, Lilian Thuram, Fabio Cannavaro, Hernán Crespo e um certo treinador chamado Carlo Ancelotti.
'Foi uma escola para mim'
Técnico do Olbia, da quarta divisão italiana, nesta temporada, Zé Maria considera que ter trabalhado com Ancelotti logo quando desembarcou no futebol europeu foi uma das melhores escolas que ele poderia ter.
"Ele me ensinou muito, especialmente nas partes tática e defensiva. Na minha época, no Brasil, lateral meio que só precisava atacar, a gente era cobrado a ser uma arma ofensiva. Foi na Itália e com Ancelotti que eu melhorei minha marcação e descobri mais sobre as funções defensivas", disse.
Mas apesar de ser admirador confesso do novo técnico da seleção, Zé Maria não deixa de fazer um alerta sobre o resultado final do trabalho do treinador italiano na equipe pentacampeã mundial.
"O Ancelotti é um treinador acostumado com o futebol de clubes. Ele vai precisar de tempo para se acostumar com a seleção, especialmente porque tem muita coisa errada para corrigir. Se derem esse tempo para ele, aí sim pode dar certo."
Vaga na Copa já é em junho
Ancelotti pode chegar à seleção já cumprindo o primeiro objetivo para o qual foi contratado: manter o Brasil como o único país participante de todas as edições de Copa do Mundo já realizadas.
Quarto colocado das eliminatórias da Conmebol, o time canarinho pode sair da próxima Data Fifa com vaga selada para o Mundial que será organizado em parceria por Canadá, Estados Unidos e México.
Só que para a conquista da classificação antecipada, não basta ao Brasil vencer Equador (5 de junho, em Guayaquil) e Paraguai (10 de junho, na Neo Química Arena, casa do Corinthians). Será preciso também contar com resultados que lhe sejam favoráveis em jogos de outras seleções.
Por enquanto, a única seleção sul-americana já confirmada na Copa é a Argentina, atual campeã mundial e líder das eliminatórias. Irã, Japão, Nova Zelândia e os três países-sedes também estão classificados.
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