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Rafael Reis

REPORTAGEM

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'Perfil explosivo' fez seleção portuguesa desistir da contratação de Abel

Abel Ferreira acumula títulos e expulsões desde chegada ao futebol brasileiro - GettyImages
Abel Ferreira acumula títulos e expulsões desde chegada ao futebol brasileiro Imagem: GettyImages

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O destempero mostrado por Abel Ferreira à beira do campo nos jogos do Palmeiras não apenas reduz suas chances de ser o próximo técnico da seleção brasileira, como também impediu que ele fosse o escolhido para comandar Portugal no ciclo da Copa do Mundo de 2026, que será organizada por Estados Unidos, México e Canadá.

O "Blog do Rafael Reis" apurou que o nome do treinador de 44 anos foi uma das opções analisadas por seu país-natal para suceder Fernando Santos à frente dos Tugas depois do Qatar-2022.

No entanto, os dirigentes portugueses consideraram que, apesar dos resultados expressivos obtidos desde que assumiu o comando do Palmeiras (dois títulos da Copa Libertadores da América, um da Copa do Brasil e um do Campeonato Brasileiro, entre outros) e de possuir uma gestão de elenco bastante acima da média, Abel não tem o perfil comportamental que o cargo exige.

As inúmeras expulsões acumuladas ao longo de dois anos e três meses atuando no Brasil, normalmente por reclamações excessivas contra a arbitragem, e o "perfil explosivo" assustaram o comando da FPF (Federação Portuguesa de Futebol).

A entidade considerou que até valeria a pena empregar um treinador com cara de bomba-relógio se ele fosse José Mourinho (nome preferido dos cartolas). Afinal, mesmo com a personalidade controversa, o "Special One" já é um nome consagrado na Europa e suas reclamações são tratadas pela opinião pública como parte do personagem.

Na avaliação dos portugueses, o mesmo não aconteceria com Abel, já que, mesmo com todo o sucesso feito nas últimas temporadas do futebol brasileiro, ele é desconhecido do grande público no Velho Continente. Ou seja, não teria essa dose extra de compreensão que Mourinho receberia.

Como Mou optou por permanecer na Roma e virou um alvo inviável, Portugal optou entregar o comando da sua seleção para um estrangeiro de perfil bem mais "low profile": o espanhol Roberto Martínez, responsável por levar a Bélgica à semifinal da Copa-2018 e à liderança do ranking da Fifa.

Quanto a Abel, o mesmo tipo de comportamento que impediu sua ida para a seleção portuguesa tem sido tratado pela CBF como um problema para sua indicação para comandar a equipe canarinho, de acordo com reportagem de Rodrigo Mattos, colunista do UOL.

Vale lembrar que o técnico do Palmeiras nunca foi a prioridade do Brasil para o cargo. A preferência da entidade para o novo ciclo é de um treinador acostumado a vencer também no futebol de clubes da Europa, como Carlo Ancelotti, Zinédine Zidane, Luis Enrique ou o próprio Mourinho.

A seleção abre seu ciclo de preparação para o próximo Mundial na Data Fifa de março, provavelmente com dois amistosos contra adversários ainda não anunciados. O presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues, já disse que gostaria de definir a contratação de um técnico antes desses jogos.

Mesmo perdendo espaço no cenário dos times nacionais, Abel já começou 2023 levantando um troféu. No sábado passado, o Palmeiras derrotou o Flamengo por 4 a 3 e conquistou o título da Supercopa do Brasil, um feito inédito tanto para o treinador quanto para o clube.

Mesmo sem grandes atuações até o momento, a equipe alviverde é também a detentora da melhor campanha do Campeonato Paulista e a única que conseguiu somar 11 pontos nas cinco primeiras rodadas — Santo André e Corinthians estão com dez.

O próximo compromisso palmeirense será o clássico contra o Santos, amanhã, no Morumbi. Na sequência, o time enfrenta Inter de Limeira (dia 9) e Água Santa (12).

Errata: este conteúdo foi atualizado
Diferentemente do que foi publicado no texto, o Palmeiras enfrenta o Santos no Morumbi, e não no Allianz Parque. O erro foi corrigido.