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Rafael Reis

REPORTAGEM

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Por que Arrascaeta brilha no Flamengo, mas não chama a atenção da Europa?

Arrascaeta vem brilhando com a camisa do Flamengo desde 2019 - NELSON ALMEIDA / AFP
Arrascaeta vem brilhando com a camisa do Flamengo desde 2019 Imagem: NELSON ALMEIDA / AFP

14/08/2022 04h00

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Giorgian de Arrascaeta é um dos protagonistas do Flamengo, clube que ganhou duas das três últimas edições do Campeonato Brasileiro, que foi campeão da Copa Libertadores da América em 2019, vice no ano passado e que está novamente nas semifinais da competição nesta temporada.

Também é titular absoluto do Uruguai e está a três meses de disputar a segunda Copa do Mundo de sua carreira.

Mas, mesmo "comendo a bola" no futebol sul-americano e sendo peça importante de uma das seleções mais tradicionais do planeta, o camisa 14 do Fla não desperta nenhum tipo de interesse nos clubes do primeiro escalão da Europa.

Arrascaeta simplesmente não recebe propostas de times importantes de Inglaterra, Espanha, Itália, Alemanha, França ou mesmo Portugal por conta da forma como os clubes do Velho Continente enxergam hoje o futebol sul-americano.

Se até alguns anos atrás essas equipes cruzavam o Oceano Atlântico em busca de jogadores que poderiam fazer diferença imediata em seus elencos, hoje o objetivo é outro: levar embora jovens que ainda possam fazer a reta final do processo de formação por lá para serem melhor lapidados para atender às demandas do futebol praticado naquele canto do mundo (como foram, por exemplo, Vinícius Júnior, Rodrygo e Gabriel Jesus).

Por isso, aos 28 anos, o meio-campista do Flamengo ficou velho demais para o gosto dos europeus, que acham que ele já não vale mais o investimento que seria necessário para contratá-lo.

A multa rescisória do uruguaio é de 40 milhões de euros (R$ 208,4 milhões). Ainda que forçasse a barra para ser negociado, o meia provavelmente não seria vendido por menos da metade desse valor. Na forma europeia de se ver futebol, é dinheiro demais para um jogador já "muito velho" e que ainda não foi experimentado por lá.

Por isso, a melhor forma para Arrascaeta chegar a uma liga nacional expressiva do Velho Continente seria esperar o fim do seu contrato com o Fla e negociar uma transferência "sem custos". Foi, por exemplo, o que fez o colombiano Rafael Santos Borré (hoje no Eintracht Frankfurt) e o que fará o meia Gustavo Scarpa (que trocará o Palmeiras pelo Nottigham Forest em janeiro).

Mas mesma essa opção está meio distante da realidade do meia uruguaio, já que ele renovou seu vínculo em janeiro e agora está conectado ao clube do Rio de Janeiro até dezembro de 2026, quando já terá 32 anos.

Assim, caso Arrascaeta deixe de vestir a camisa rubro-negra nas próximas temporadas, provavelmente será para jogar em um mercado alternativo, como os Estados Unidos ou algum dos países do Oriente Médio — teve proposta do Al-Nassr, da Arábia Saudita, no fim do ano passado.

O Flamengo ainda está vivo na disputa por três títulos nesta temporada. No Brasileiro, competição em que ocupa a quinta colocação, recebe o Athletico-PR (4º), hoje, para tentar ultrapassar o adversário direto e continuar à caça do líder Palmeiras.

O rubro-negro paranaense também é o adversário do time de Arrascaeta nas quartas de final da Copa do Brasil. Os dois times empataram sem gols no jogo de ida, no Maracanã, e voltam a se enfrentar nesta quarta-feira, em Curitiba, para definir quem avança à próxima fase.

Curiosamente, esse confronto ainda pode se repetir na decisão da Libertadores, já que as duas equipes estão entre as quatro sobreviventes da competição. Enquanto o Fla medirá forças contra o Vélez Sarsfield, os paranaenses terão de desbancar o bicampeão Palmeiras. As partidas estão marcadas para as semanas dos dias 31 de agosto e 7 de setembro.