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Rafael Reis

REPORTAGEM

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Ronaldo manteve técnico por 3 anos mesmo com mais derrotas que vitórias

Ronaldo Nazário é dono do Valladolid e do Cruzeiro - Quality Sport Images/Getty Images
Ronaldo Nazário é dono do Valladolid e do Cruzeiro Imagem: Quality Sport Images/Getty Images

21/12/2021 04h00

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A transformação do departamento de futebol do Cruzeiro em clube-empresa e a compra da equipe mineira pelo ex-atacante Ronaldo foram presentes antecipados de Natal para o técnico Vanderlei Luxemburgo.

A menos que o Fenômeno mude radicalmente sua forma de administrar futebol, o veterano treinador terá tempo para executar com tranquilidade seu trabalho em Belo Horizonte e ficará livre do tradicional risco iminente de demissão que sempre assola os profissionais do banco de reservas aqui no Brasil.

Dono do Valladolid desde setembro de 2018, o segundo maior artilheiro da história das Copas do Mundo manteve durante três temporadas inteiras o mesmo técnico, apesar de o time ter mais derrotas (53) do que vitórias (39).

O ex-meia Sergio González, que fez sucesso com a camisa do La Coruña na primeira década deste século, só perdeu seu emprego depois da concretização do rebaixamento para a segunda divisão do Campeonato Espanhol, no fim da temporada passada.

Antes da campanha do descenso que levou à demissão do treinador, o Valladolid foi 16º e 13º colocado nas edições anteriores da La Liga. Também sofreu goleadas por 5 a 1 (Barcelona), 4 a 1 (Real Madrid) e 4 a 0 (Huesca). Nada disso foi suficiente para convencer Ronaldo a alterar sua comissão.

A manutenção do técnico por tanto tempo, mesmo com desempenho não tão positivo assim, revela uma das principais características do brasileiro como proprietário de um time de futebol. O ex-camisa 9 se preocupa mais com os resultados financeiros da agremiação do que propriamente com o que acontece dentro de campo.

Esse perfil "exageradamente empresário preocupado com o lucro", aliás, fez Ronaldo ser criticado por torcedores do Valladolid na reta final da temporada passada. Vários apoiadores reclamaram do ex-atacante por não viver tão intensamente a rotina do clube e faltar a jogos que eram essenciais na luta para evitar o rebaixamento.

Hoje na segundona, o time é dirigido desde julho por Juan José Rojo Martín, o Pacheta, e está vivo na briga pelo retorno à elite (ocupa a quinta colocação, com oito pontos a menos que o líder). O Fenômeno continua participando pouco do dia a dia "blanquivioleta" e está atualmente no Brasil.

Luxembugo está à frente do Cruzeiro desde agosto e foi o terceiro técnico da equipe mineira em 2021 (antes passaram pelo cargo Felipe Conceição e Mozart Santos). Mesmo sem conseguir a promoção para a Série A, ele será mantido no cargo para a próxima temporada.

Esse será o terceiro encontro do treinador com o Fenômeno. Eles trabalharam juntos (como "professor" e atleta) na seleção brasileira, entre 1998 e 2000, e também no "projeto galáctico" do Real Madrid, em 2005.

A compra do Cruzeiro por Ronaldo foi anunciada no último sábado. Para se tornar o primeiro proprietário da história do time mineiro, o ex-atacante que vestiu a camisa celeste entre 1993 e 1994 vai desembolsar R$ 400 milhões ao longo dos próximos cinco anos.

O aporte inicial, para a próxima temporada, será de R$ 80 milhões. Mas só uma pequena parte desse valor será investida na contratação de novos jogadores. A prioridade será reestabelecer a saúde financeira do clube e pagar as dívidas de R$ 20 milhões com o Defensor-URU e o Mazatlán-MEX que o levaram a ser punido pela Fifa e proibido de registrar novos atletas.

O Cruzeiro está na segunda divisão do Brasileiro desde 2020. Neste ano, chegou a flertar com o descenso para a Série C, mas terminou o torneio na 14ª posição, com cinco pontos de vantagem para o Remo, primeiro rebaixado.

O primeiro compromisso oficial da equipe celeste na "era Ronaldo" está previsto para o dia 26 de janeiro, data de abertura do Mineiro. A equipe dirigida por Vanderlei Luxemburgo estreia no Estadual contra a URT, em casa.