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Rafael Reis

REPORTAGEM

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Como "geração de ouro" transformou a Inglaterra e leva Wembley à euforia

Jogadores da Inglaterra comemoram vaga nas semifinais da Eurocopa - ALBERTO LINGRIA/AFP
Jogadores da Inglaterra comemoram vaga nas semifinais da Eurocopa Imagem: ALBERTO LINGRIA/AFP

07/07/2021 04h00

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"Football's coming home". O grito de "o futebol está voltando para casa", que tem embalado a campanha da Inglaterra na Eurocopa, será entoado com mais força do que nunca em Wembley a partir das 16h (de Brasília) de hoje, na semifinal contra a Dinamarca.

Isso porque, depois de décadas acumulando fracassos e decepções homéricas, os inventores do esporte mais popular do planeta estão novamente empolgados com sua seleção e com a possibilidade de levantarem o troféu.

Em 150 anos de existência, o English Team só conquistou um título relevante: a Copa do Mundo-1966. Desde então, nunca mais sequer chegou à decisão de uma competição de primeira linha.

E foram poucos os outros momentos em que a Inglaterra gerou alguma expectativa. A seleção de Gary Lineker foi quarta colocada na Copa-1990. Paul Gascoigne, remanescente daquele time, levou o time à semifinais da Euro seis anos mais tarde.

A geração de Steven Gerrard, Frank Lampard e Wayne Rooney plantou esperança no começo do século pelo futebol que seus principais nomes produziam em seus respectivos clubes, mas nunca conseguiu entregar nada de produtivo quando se unia com a camisa inglesa.

Com a aposentadoria desses astros, o torcedor do "English Team" não se viu nem mais no direito de sonhar. A seleção foi eliminada ainda na primeira fase do Mundial-2014 e caiu no início dos mata-matas da Euro seguinte.

Seria preciso um milagre para tirar a Inglaterra do limbo e colocá-la novamente como candidata a grandes feitos. E esse milagre veio com o surgimento de um grupo de jovens jogadores talentosos rapidamente tratados como uma "geração de ouro".

Em 2017, os ingleses ganharam tanto o Mundial sub-17 quando o sub-20 e viram despontar nomes como Jadon Sancho, Phil Foden, Dominic Calvert-Lewin e Dean Henderson. Ao lado de outros bons valores que não fizeram parte das conquistas, como Jack Grealish, Declan Ricem Jude Bellingham, Bukayo Saka e Reece James, todos fazem parte hoje da seleção principal da Inglaterra.

Um ano depois dos títulos da base, o English Team fez bonito no Mundial da Rússia. Mesmo ainda não sendo tratado como favorito, repetiu o quarto lugar de 1990 e sua segunda melhor campanha na história da competição.

Agora, já com os garotos da "geração de ouro" devidamente integrados ao elenco e dando amparo aos ainda não veteranos Raheem Sterling e Harry Kane, a Inglaterra mudou de status e virou candidata real ao título da Euro.

O time dirigido por Gareth Southgate é o único que ainda não foi vazado na competição e tem crescido de rendimento jogo após jogo. Depois de uma primeira fase econômica, com apenas dois gols marcados em três partidas e um criticado empate com a Escócia, a Inglaterra deslanchou nos mata-matas.

Primeiro, meteu 2 a 0 na Alemanha, de quem é uma tradicional freguesa. Nas quartas, aplicou um 4 a 0 sobre a Ucrânia e só não aumentou a goleada porque decidiu poupar forças a partir da metade do segundo tempo.

A torcida foi à loucura e passou a acreditar realmente que chegou a hora de o futebol voltar para casa.

O vencedor do confronto entre Inglaterra e Dinamarca vai enfrentar a Itália pelo posto de novo campeão europeu de seleções. Assim como os dois confrontos das semifinais, a decisão deste domingo também será jogada em Wembley.

Originalmente, a Eurocopa era para ter sido disputada no meio do ano passado. No entanto, a pandemia da covid-19 fez com que ela fosse adiada em 12 meses.

A novidade desta edição é que não há uma sede fixa. Para comemorar os 60 anos do continental, a Uefa decidiu realizar a competição em 11 cidades espalhadas por 11 países diferentes (alguns que nem classificaram suas seleções).

Além da Inglaterra, sede de toda a reta final, a Euro-2020 (sim, ela manteve esse nome mesmo com o adiamento da data) também passou por Itália, Azerbaijão, Dinamarca, Alemanha, Escócia, Espanha, Hungria, Holanda, Romênia e Rússia.