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Rafael Reis

Prêmio de melhor do mundo erra feio ao minimizar Bayern e ignorar Haaland

Thomas Müller, Lewandowski e Gnarby: trio do Bayern tinha de estar completo na lista do "The Best"  - Reprodução/Bayern Munique twitter
Thomas Müller, Lewandowski e Gnarby: trio do Bayern tinha de estar completo na lista do "The Best" Imagem: Reprodução/Bayern Munique twitter

25/11/2020 09h18

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O Bayern de Munique não foi "apenas" o campeão europeu da temporada passada. Os bávaros foram também a grande equipe de futebol do planeta, aquela que mais deu espetáculo e menos piedade teve dos seus adversários.

Para resumir: foi um rolo compressor de funcionamento que beirou a perfeição.

Por isso, não dá para engolir a presença de apenas dois jogadores que participaram dessa campanha histórica na lista dos 11 indicados ao "The Best", prêmio de melhor do mundo organizado pela Fifa, que foi divulgada hoje.

O número de indicados do Bayern é o mesmo do Paris Saint-Germain, vice da Champions. E pior: fica abaixo dos três finalistas do Liverpool (Virgil van Dijk, Sadio Mané e Mohamed Salah), que apesar de ter encerrado um jejum de três décadas na Inglaterra, ficou devendo na competição continental.

Além do favorito Robert Lewandowski e de Thiago (que se transferiu para os Reds na última janela de transferências), outros quatro jogadores do Bayern mereciam estar entre os candidatos ao "The Best": Manuel Neuer, Joshua Kimmich, Thomas Müller e Serge Gnabry.

E, para mim, não seria nenhum absurdo se Neuer ou Müller aparecessem no pódio, na companhia de Lewa, que precisa vencer para o prêmio não ficar desmoralizado, e Kevin de Bruyne (Manchester City).

Mas aí não seria uma overdose de Bayern? Claro que não. Seria sim um retrato fidedigno do que foi a temporada 2019/20.

Vale lembrar que há um precedente ainda maior. Em 2010, ano em que a Espanha foi campeão mundial, Lionel Messi, Xavi e Andrés Iniesta, os três primeiros colocados da eleição da Fifa, vestiam a mesma camisa no futebol dos clubes, a do Barcelona.

A lista de finalistas deste ano comete um outro crime: como é possível ignorar um fenômeno do porte de Erling Haaland? Em que mundo o garoto goleador do Borussia Dortmund jogou menos bola que Salah ou Cristiano Ronaldo, por exemplo?

Para não ficarmos apenas nas críticas, uma surpresa positiva da relação é a presença de Sergio Ramos. Aos 34 anos, o zagueiro fez a melhor temporada da sua carreira. Não só defendeu, como se lançou ao ataque para suprir um pouco da falta que Cristiano Ronaldo ainda faz ao Real Madrid.

Os outros prêmios da edição 2020 do "The Best" também têm suas estranhezas. Por exemplo, não faz nenhum sentido termos seis finalistas na eleição de melhor goleiro e cinco na de treinador do ano.

Outra: o que Marcelo Bielsa fez de tão extraordinário assim para ser apontado como um dos possíveis candidatos a melhor técnico do mundo nos últimos 12 meses? Chamou a atenção com o Leeds United, beleza, mas seus feitos não chegam nem perto aos de Gian Piero Gasperini (Atalanta) e Julian Nagelsmann (RB Leipzig), solenemente ignorados pela premiação.

Os vencedores do "The Best" serão anunciados no dia 17 de dezembro. Participam das votações capitães e técnicos das seleções nacionais, jornalistas selecionados e fãs por meio de uma enquete promovida pela Fifa.