Vai de Bet diz que topou pagar camarote a pedido da Gaviões; torcida nega
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Em resposta a questionamento feito pela Polícia Civil, a Vai de Bet afirmou que topou pagar um camarote na Neo Química Arena em nome de uma empresa de intermediação a pedido da Gaviões da Fiel.
Trata-se do camarote 503, registrado como sendo da GCS Intermediação de Negócios, Consultoria Veicular e Alimentícia.
Ao responder por escrito a perguntas feitas pela polícia, a casa de apostas sustentou que, quando fechou contrato de patrocínio com a organizada, ouviu pedido para bancar um camarote no estádio corintiano para ser usado por integrantes da torcida organizada. A afirmação não foi acompanhada de documentos comprobatórios.
Procurada pela coluna, a uniformizada disse desconhecer a contratação de camarote relacionado à entidade ou a seus sócios.
Amilton Alves de Brito, o Padinho, presidente da Gaviões na ocasião em que o acordo com a Vai de Bet (por meio da empresa que detém a marca, a Betpix) foi fechado, negou o pedido e o uso do camarote (leia mais sobre as repostas do ex-presidente e da torcida na sequência do post).
A coluna apurou que a GCS assinou contrato com a Gaviões pela intermediação do acordo com o site de apostas. O trato não menciona camarote no estádio corintiano.
O questionamento sobre a relação do site de apostas com o espaço destinado para a GCS foi feito como parte do inquérito policial que apura desdobramentos do pagamento de comissão pela intermediação do contrato de patrocínio entre Vai de Bet e Corinthians.
A investigação é conduzida pelo delegado Tiago Fernando Correia, da 3ª Delegacia do Departamento de Polícia de Proteção à Cidadania (DPPC).
Leia a seguir a resposta dada por escrito pela Vai de Bet à polícia:
"A peticionária [Vai de Bet/Betpix] esclarece que também firmou contrato de patrocínio com o Grêmio Recreativo Cultural e Escola de Samba Gaviões da Fiel Torcida, aos 5 de janeiro de 2024, oportunidade na qual foi pleiteado que a peticionária arcasse com o pagamento de um camarote no estádio do Sport Club Corinthians Paulista pelo período de 1 (um) ano para seus membros.
Como resposta, a peticionária firmou o compromisso de arcar com os valores do aluguel do camarote pelo período de 1 (um) ano, mas deixou a cargo da Gaviões da Fiel a realização do contato com o Sport Club Corinthians Paulista e a elaboração do respectivo contrato, oportunidade na qual foi indicada pela Gaviões da Fiel como contratante a empresa GCS Intermediação, desconhecida pela peticionária.
A peticionária ainda informa que seus colaboradores não utilizaram o camarote, da mesma forma que não possuem conhecimento da negociação realizada entre o Sport Club Corinthians Paulista, Gaviões da Fiel, GCS Intermediação e/ou Guilherme Carvalho da Silva (dono da GCS)".
Relembre o caso
A Vai de Bet foi indagada sobre o tema depois de a coluna revelar a história do camarote 503.
E-mails obtidos por este colunista indicam que, em 2024, antes de rescindir unilateralmente seu contrato de patrocínio com o Corinthians, a Vai de Bet se envolveu com o aluguel de um camarote para que ele fosse usado pela GCS.
Inicialmente, o valor seria inferior ao de tabela, mas o preço subiu. A negociação foi analisada pelo departamento jurídico do clube, que estranhou a triangulação. O Corinthians alugaria o espaço para a GCS, mas quem pagaria seria a Vai de Bet.
Apesar de o setor jurídico e a área de compliance do clube alertarem para os riscos de o Corinthians não receber pelo negócio, a cessão do camarote foi feita, mesmo sem o contrato ser assinado.
Mensagem de Bruno Radaelli Brandespim, do marketing da Neo Química Arena, para Sérgio Moura, ex-superintendente de marketing do Alvinegro, detalha o início das tratativas.
Em 11 de abril, Brandespim escreveu: "Conversei com o André da Vai de Bet conforme solicitado por você. O contrato será feito em nome do Guilherme Carvalho da Silva (dono da GCS), ok?".
De acordo com fonte no clube, a Vai de Bet acertou pagamentos atrasados até julho e, em dezembro, os aluguéis de agosto a novembro estavam em aberto.
Eles deveriam, segundo a mesma fonte, ser pagos pela GCS. O espaço só não foi usado no último jogo do Alvinegro em casa no Brasileirão do ano passado, contra o Bahia. Em 2025, o local voltou a ser utilizado em nome da GCS durante o Campeonato Paulista.
O que diz a Vai de Bet
Procurada, a ex-patrocinadora do Corinthians disse, por meio de sua assessoria de imprensa que, se este colunista acessou o inquérito e viu a resposta, o que há de mais detalhado e explicado está lá.
O que diz Padinho
Em entrevista presencial à coluna, Padinho, ex-presidente da Gaviões e responsável pelo acordo com o site de apostas, disse:
"Não pedimos camarote para ninguém. Não usamos camarote. Nosso camarote é a arquibancada, o setor norte da arena. Nos contratos não existe nada sobre camarote. Quem afirmou isso tem que dar a direção, provar o que está dizendo".
Padinho, que é conselheiro da Gaviões, também declarou que, se for preciso, ele e o departamento jurídico de sua gestão estão à disposição da polícia para esclarecer o caso.
O ex-presidente confirmou a este colunista que a GCS assinou contrato com a Gaviões pela intermediação do patrocínio da Vai de Bet.
A coluna não teve acesso ao valor do acordo. Porém, apurou que o pagamento prometido por parte da torcida é em dinheiro e equivalente a 20% da quantia paga pela patrocinadora.
O que diz a Gaviões
Confira a nota enviada pela assessoria de imprensa da torcida organizada à coluna:
"O Gaviões desconhece qualquer relação de contratação de camarote, inclusive e especialmente relacionado à entidade, ou seus integrantes. Caso se tenha notícia de algo neste sentido, pedimos que informem o nome do associado para que o assunto seja levado ao Conselho Deliberativo dos Gaviões, para apreciar a questão. A pessoa citada [dono da GCS] não é sócia do Gaviões. O Gaviões não mantém relação com a Vai de Bet, e sim com a ObaBet [nota da redação: as duas marcas pertencem ao mesmo grupo e o trato inicial foi para divulgar a Vai de Bet].
Silêncio do Corinthians
Por sua vez, o clube não respondeu às perguntas da coluna até a conclusão deste post. O mesmo aconteceu com a GCS, procurada por e-mail. O espaço segue aberto para ambos se se manifestarem.
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