Romeu Tuma Jr. fala em movimento contra poder fiscalizador no Corinthians

Leia a seguir entrevista com Romeu Tuma Júnior, presidente do Conselho Deliberativo (CD) do Corinthians. Em seguida, confira as respostas de Augusto Melo sobre temas em que o presidente do clube foi citado.
Você já marcou a data para a continuação da reunião do Conselho Deliberativo para a votação do pedido de impeachment de Augusto Melo?
Romeu Tuma Júnior - Não foi marcada. Estou falando com muita gente, recebendo muitas ligações. Estou avaliando, principalmente o aspecto da segurança.
Tenho recebido muita ligação de conselheiro, de sócio. O clima de segurança no clube está muito ruim.
Então, eu tenho conversado com as pessoas para gente ver o momento oportuno, pelo menos para que as pessoas possam votar livremente. Por causa da questão da segurança, ainda não defini data e local.
Pode ser que a reunião não seja no no Parque São Jorge? O estatuto permite que seja fora do clube?
Tuma Jr. - O estatuto não tem essa previsão, então pode ser em qualquer lugar. Eu obviamente prefiro que seja no clube, mas existe muita gente, por exemplo, que fica pedindo para ser na PM, lá no Batalhão de Choque. Só que é uma coisa que eu não quero deliberar sozinho [nota da coluna: procurada a PM afirmou que "não houve qualquer tipo de consulta referente ao assunto abordado e, caso ocorra a solicitação, será deliberado pelo comando da instituição"].
A parte anterior da reunião teve muitos conselheiros sendo pressionados depois da sessão, teve relato de agressão. De quem era a responsabilidade de controle de acesso no clube, de segurança naquele dia? Teve problema para Polícia Militar fazer a segurança?
Romeu Tuma Jr. - Teve vários problemas. Quando a polícia chegou, ela queria entrar para fazer uma varredura, porque eles tinham informações de que tinha muita gente no clube.
Tentaram impedir a entrada da polícia. Foi uma situação bastante constrangedora. Precisamos falar com o presidente para autorizar. Ele estava reticente, não queria autorizar. No fim autorizou.
Você sabe de quem foi a ordem que teria dificultado a entrada da PM?
Tuma Jr. - O segurança que se apresentou como chefe da segurança, até estranhamente ele disse que estava começando naquele dia, falou que era ordem da presidência. Não sei se era mesmo [no final do post, leia nota da PM sobre o tema].
Pode comentar sobre o que o Augusto tem dito de você? Ele fala que você não tem mais condição moral de para presidir o Conselho, que você agiu como ditador, que foi parcial?
Tuma Jr. - Olha, eu lamento profundamente essas manifestações dele. Acho que é uma estratégia de defesa que me entristece, mas eu respeito.
Primeiro é importante dizer que não fui notificado [sobre pedido para sua destituição da presidência do CD] e desconheço o conteúdo.
Vi uns questionamentos que eu entrei com recurso contra a liminar [que suspendeu a primeira reunião sobre o impeachment]. Eles entraram com uma ação contra mim. Tive que me defender.
E eu estou muito feliz porque a própria Justiça já negou três vezes recursos dele. Então, não sou eu, é o poder judiciário que disse que todas as ações tomadas pelo Conselho estão rigorosamente dentro do estatuto.
Uma acusação que eu vi é a de que eu estou advogando em causa própria. Eles entraram com uma ação contra o Romeu Tuma Júnior para suspender a reunião [sobre o impeachment]. Eu tenho que me defender. Agora eu estou advogando em causa própria? A lei me permite, eu sou advogado. Ou eu iria contratar um advogado caríssimo e botar na conta do Corinthians? Eu não.
O pano de fundo dessas ações [no clube, para tentar destituir Tuma da presidência do CD] é contra o poder fiscalizador, é contra o associado que elege o conselho para representá-lo. Eu acho que é contra o sistema de freios e contrapesos. É a favor de um poder absoluto que não admite prestar contas, dar satisfação e não aceita ser transparente como determina a lei e o estatuto.
E sobre o Augusto dizer que você quer tirá-lo da presidência para colocar o seu candidato?
Tuma Jr. - Isso aí é outra coisa maluca. Há um tempo atrás eles falaram que eu queria ser candidato. Eu já declarei várias vezes que eu não sou candidato.
Aí falaram que eu quero ter um candidato. Não tem candidato também. É bobagem. Não quero destituir ninguém. Sou guardião do estatuto.
E até dois meses atrás a oposição ficava me atacando, que eu estava encobrindo, que eu estava protegendo o Augusto, que eu estava sentando em cima [do processo de impeachment]. Agora a situação me acusa de querer acelerar. Eu não acelero nem retardo o processo. Ele tem vida própria.
A Comissão de Ética do Conselho entendeu que a análise do pedido de impeachment deveria ter ficado suspensa até a Polícia Civil concluir o inquérito sobre o "Caso Vai de Bet". Você poderia ter acatado a sugestão da comissão sem colocar em votação se o pedido prosseguiria e esperar o trabalho da polícia?
Romeu Tuma Jr. - Eu não posso fazer isso. Se eu fizesse isso, a oposição certamente estaria me acusando de estar prevaricando e beneficiando o Augusto. Por quê? Porque o estatuto não tem essa previsão.
Segundo, o Conselho Deliberativo não apura crime. A gente estaria usurpando a função pública. Terceiro, o que o conselho está apurando é a denúncia apresentada por conselheiros.
A denúncia é sobre descumprimento do estatuto referente a causar prejuízo financeiro à imagem do clube e ser omisso nas decisões dele com relação a Vai de Bet e mais algumas coisas. São infrações estatutárias, não são infrações criminais.
Ele fala também: "não tive direito de defesa". Teve, sim. Ele poderia, se quisesse, ter produzido provas. Essa fase passou, ele não fez. Então, ele teve todo o direito de ampla defesa e ainda vai ter, porque ele vai falar no plenário ainda.
E sobre o Augusto dizer que você pede para dar entrevistas e, quando dá, mancha a imagem do Corinthians?
Tuma Jr. - Eu não falo mal do Corinthians, eu defendo como ninguém o Corinthians. É o meu papel. Agora você reclamar de algumas pessoas lá dentro, não quer dizer que estou falando mal do clube, porque estou lutando para o clube ser melhor, estar melhor.
Acho que tem gente que faz muito mais mal ao clube, com notícias diárias ruins, degradantes contra nós e sem resposta.
Você está falando especificamente da diretoria?
Tuma Jr. - Da diretoria em geral. Não necessariamente só do presidente, da diretoria.
O Augusto te acusa de ser parcial. Vocês têm uma divergência séria. Isso está deflagrado. O presidente do Conselho tem que agir de maneira neutra. Como é possível se manter neutro e parecer neutro no meio de uma briga deflagrada com o dirigente que é o alvo do impeachment?
Tuma Jr.- Primeiro, eu não tenho briga deflagrada com ele. Eu apenas respondo certas acusações que ele faz, eu sempre defendendo o órgão fiscalizador do Conselho. Eu não faço defesa pessoal minha. Segundo, ainda que ele me ataque várias vezes, eu sempre falei que eu respeito o Augusto, a figura do presidente. E o principal disso: eu cumpro o estatuto. Então, não tem como eu ser parcial cumprindo estatuto.
O que diz Augusto
Confira as respostas do presidente do Corinthians sobre temas quem que ele foi citado na entrevista.
O senhor tem conhecimento de que o chefe da segurança do clube, num primeiro momento, proibiu a entrada da Polícia Militar para fazer uma varredura no Parque São Jorge no dia da última reunião do Conselho Deliberativo? Naquele dia, começou a trabalhar um novo chefe de segurança?
O senhor tem conhecimento de que o mesmo funcionário informou ao presidente do Conselho que o senhor havia vetado a presença da PM? Esse veto ocorreu? Se sim, quem o convenceu a autorizar a entrada da PM para a varredura?
Augusto Melo - Não. Inclusive fui o primeiro a autorizar a entrada da PM e fiz a reunião com eles no quinto andar, junto com o doutor Thales César, procurador do estado, para zelar pela segurança dos funcionários e conselheiros que estavam presentes.
Como o senhor avalia a opinião do presidente do Conselho de que ações internas no clube que visam a destituição dele são ações contra o poder fiscalizador, a favor de um poder absoluto que não admite prestar contas e que segundas intenções são escondidas com esse movimento?
Augusto - A ação na justiça visa garantir o meu direito de defesa. O presidente do Conselho ignorou o parecer da comissão de ética e o meu pedido para produzir prova, ouvir testemunhas? Ao contrário, assume o papel de acusador, quando deveria ser apenas o presidente da sessão? Inclusive em sua defesa judicial demonstra a sua parcialidade.
Polícia Militar
A coluna questionou a PM sobre problemas que teriam ocorrido no dia da última reunião do Conselho (20 de janeiro). Uma das perguntas foi sobre a suposta dificuldade para entrar no clube. A resposta veio com a seguinte nota:
"O policiamento realizado no Parque São Jorge, no último dia 20 de janeiro, durante a votação do Conselho Deliberativo, transcorreu de forma semelhante a outros eventos da mesma natureza.
Um único incidente menor, ocorreu devido a uma comunicação de origem desconhecida, que sugeria que o policiamento não seria mantido em caso de atraso na votação. No entanto, essa informação foi prontamente esclarecida e refutada, assegurando que a Polícia Militar permaneceria no local até o final da votação. Não houve registro de outros incidentes relevantes, uma vez que não afetaram a segurança pública e, consequentemente, não são de conhecimento da Polícia Militar
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