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ReportagemEsporte

Para presidente, Neymar faz Santos recuperar nível de receita após Série B

Leia a seguir entrevista concedida à coluna, por escrito, por Marcelo Teixeira, presidente do Santos. Ele falou sobre os efeitos da contratação de Neymar.

Pode explicar melhor a ideia de fazer alguns jogos fora da Vila Belmiro para aproveitar mais o interesse do público no Neymar? Existe uma quantidade de partidas em São Paulo ou em outros locais definida? Jogar no Maracanã como mandante faz parte do plano? Existe um perfil de jogo definido?

Marcelo Teixeira - A torcida do Santos é bastante espalhada pelo país e por conta disso queremos prestigiar essas pessoas. Ano passado, por exemplo, colocamos mais de 50 mil pessoas no Morumbis e mais de 40 mil pessoas na Neo Química Arena!

Antes mesmo da possibilidade de trazer o Neymar, já estava em nosso plano mandar alguns jogos em São Paulo, porque estar perto dos torcedores é uma parte importante do processo de reconstrução do clube, de valorização da marca e para criar uma nova geração de santistas.

Com o Neymar, aumenta o interesse do santista e criamos interesse até de quem não é santista. A ideia é mandar alguns jogos em São Paulo nesta temporada e talvez em outras regiões, mas ainda não há definições concretas.

Estamos estudando as possibilidades, analisando a melhor maneira para viabilizar, conversando com a Federação Paulista para o clube ser mandante em partidas na capital e vamos falar com os coirmãos da capital. A verdade é que o Brasil inteiro quer ver o Santos de Neymar em campo.

Sei que é muito cedo, mas esse aumento no número de sócios e de seguidores nas redes sociais supera a previsão inicial?

Teixeira - Algo que preciso comentar é que o Sócio Rei, desde que assumimos, foi tratado como uma prioridade dentro deste processo de reconstrução do Santos.

Ano passado aprimoramos a plataforma e investimos em marketing. Isso, junto com a atitude do torcedor de abraçar o clube no ano mais difícil da nossa história, fez o Sócio Rei ter em 2024 o maior crescimento do programa até então. O faturamento do Sócio Rei cresceu 42%, mesmo o time disputando apenas duas competições.

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A partir de agora, a exposição do clube, no Brasil e no mundo, tende a aumentar e o Santos já está trabalhando para que a chegada do jogador tenha um impacto esportivo e financeiro.

É difícil medir o impacto, em tão pouco tempo, da chegada de um dos maiores jogadores do futebol mundial, mas a certeza é que será muito positivo. Já estamos com mais de 70 mil sócios torcedores.

E aproveito para fazer um apelo ao santista. Se for possível para você, seja um sócio torcedor. Porque você ajuda o clube a manter os ídolos, contribui no processo de reconstrução e, um caso raro no futebol, participa das decisões do futuro do clube, porque quem é Sócio Rei há mais de três anos e está em dia com as mensalidades tem direito a voto nas eleições para presidente e conselho. No Santos o sócio torcedor vota!

Pode falar um pouco do aumento de interesse de empresas em patrocinar ou fazer parceria com o Santos?

Teixeira - O retorno do Neymar eleva o Santos a um novo patamar, tanto dentro de campo quanto fora dele, então o mercado está de olho nisso também. Neymar gera maior exposição. E maior exposição é possibilidade de receita para um clube de futebol. Estamos trabalhando para aproveitar este momento e alavancar as receitas do clube com ações publicitárias, parcerias comerciais, vendas de camisas e produtos licenciados, entre outras atividades. Já fechamos com três novos patrocinadores na camisa esta semana! Vendemos uma das propriedades da camisa por um valor 12 vezes maior. O Santos também criou um departamento para proteger os direitos de propriedade intelectual do clube após acertar a contratação do jogador, no intuito de combater à pirataria.

Atuando como dirigente, o senhor viveu algum momento parecido em termos de mobilização em volta do Santos?

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Teixeira - Eu senti uma emoção muito forte nesses últimos dias. Na data de apresentação do Neymar, na Vila Belmiro, quem estava lá certamente notou uma sinergia muito grande entre clube e torcida.

Era uma alegria e um sentimento genuíno por parte do torcedor. Um ídolo, e um craque do futebol mundial, retornava para casa.

Na chegada do ônibus na Vila Belmiro, a torcida nos recepcionou de maneira eufórica e em êxtase.

Já passei por vários momentos marcantes no Santos, seja presenciando títulos, jogos e vitórias memoráveis, mas o retorno do príncipe gerou uma mobilização e energia que poucas vezes vi. É essa energia que precisamos manter em todos os lugares: no campo, na arquibancada e na gestão.

O Santos tem um plano para manter esse crescimento de sócios, seguidores e vendas de camisas após a futura saída do Neymar? Esses números são sustentáveis?

Teixeira - Perrone, vou me alongar um pouco para dar o contexto geral. Quando anunciei minha candidatura, ainda antes da queda, nosso lema era "O Santos Grande de Novo". Não porque tinha deixado de ser grande, mas porque a atitude de quem está no clube precisava estar à altura da grandeza do clube. O nosso plano já era iniciar um processo de reconstrução profundo, baseado na profissionalização da gestão.

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Mas aconteceu aquela tristeza que foi a queda. Assumimos pouco tempo depois e, estar na Série B, fez a gente mudar o foco do que estava no plano.

Em 2024, o foco passou a ser subir, porque o impacto de um segundo ano na Série B seria quase irreversível no médio prazo. Praticamente sem recursos financeiros, montamos um time para isso e conseguimos garantir o acesso. Até avançamos em alguns pontos administrativos, mas tivemos que postergar parte do que havíamos pensado na profissionalização da gestão e no processo de reconstrução.

Agora em 2025 estamos conseguindo colocar em prática o que vemos como necessário para profissionalizar o clube e levar o Santos de volta ao patamar mais alto do futebol brasileiro. Trouxemos o Pedro Martins para ser nosso CEO, que era algo que eu já queria desde o ano passado. O Pedro foi uma das contratações mais importantes para a gente! Ele está focado no fortalecimento do elenco, mas vai em breve começar a reestruturar toda a gestão.

E então conseguimos trazer o Neymar. Venho mantendo conversas desde o final de 2023 com o stafe dele, mas não era uma certeza. Em algum momento, nem uma possibilidade.

Dezenas de reuniões, muitas conversas e cálculos e foi esquentando durante o ano passado. E agora aconteceu!

O impacto imediato do Neymar, dentro do processo de reconstrução do Santos, será o de recuperar o tempo que não pudemos acelerar porque estávamos focados em subir para a Série A. A chegada dele já nos coloca no patamar de geração de receitas que esperávamos estar se o Santos não tivesse caído.

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Estamos desenvolvendo um planejamento que abrange desde o curto até o longo prazo, com o objetivo de garantir que a presença de Neymar deixe um legado duradouro para o clube.

Sua chegada é essencial para resgatar a autoestima do torcedor santista e acelerar o processo de reconstrução do Santos.

O clube continuará se organizando, se profissionalizando e se reestruturando fora de campo, mas agora a partir de outro patamar.

Reportagem

Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

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