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OpiniãoEsporte

Enfraquecimento de executivo é derrota pesada para o Corinthians

O enfraquecimento de Fred Luz no Parque São Jorge representa uma importante derrota para o Corinthians. Não se trata de exaltar o executivo como salvador da pátria, mas de constatar a vitória de um modelo obsoleto, amador e corroído pela política sobre o profissionalismo.

Apresentado como CEO em julho do ano passado, Luz virou consultor, representando sua empresa, a Alvarez & Marsal, após pressão de conselheiros que afirmavam que o estatuto do clube não prevê a figura do CEO.

Luz teve dificuldades para implantar suas ideias e viu a direção rejeitar parte de suas sugestões. Foi o que aconteceu com o plano de reestruturação financeira recomendado por ele.

O executivo parou de frequentar o clube diariamente, deixando apenas o estafe de sua empresa no local, prestando consultoria no departamento financeiro. O quase CEO, não pisou no Parque São Jorge nem na Neo Química Arena em 2025, como mostrou a coluna.

O derretimento do executivo, mantém a estrutura tradicional do clube. A mesma que trouxe o Corinthians até aqui, num cenário de dívida bilionária e crise política.

Sem um CEO, diretores estatutários (não remunerados e normalmente pinçados do Conselho Deliberativo) seguem comandando os profissionais de cada departamento.

Conselheiros, independentemente de estarem preparados para os cargos, são criaturas políticas. Isso dificulta a implementação da blindagem que o Corinthians precisa dos efeitos da disputa por poder, ainda mais no momento em que Augusto Melo enfrenta um processo de impeachment.

Um CEO respaldado pelo presidente teria, por exemplo, força para demitir, se necessário, ex-conselheiros que deixaram o Conselho para virarem funcionários do clube, após a vitória de Augusto. O mesmo vale em relação a pessoas eventualmente indicadas por apoiadores do presidente.

Ao mesmo tempo é mais fácil para o presidente demitir um CEO por não cumprir suas metas do que um diretor integrante de sua base de apoio.

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Aumentar o profissionalismo na agremiação foi uma proposta da campanha de Augusto. Parte da torcida cobrou a contratação de um CEO.

Na prática, porém, o que se viu foi um executivo pressionado constantemente por conselheiros. Os críticos diziam discordar dos métodos de Luz, não de um executivo no comando.

No entanto, a mensagem que fica com a situação atual de Luz é que o Corinthians não está disposto ou não consegue romper com o modelo baseado no comando entregue a políticos.

"Choque de gestão" e "profissionalismo" devem seguir sendo expressões mais fortes em tempo de eleição do que na rotina corintiana. Isso é péssimo para o clube.

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

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