Corinthians: ex-diretor fala em 'golpe' e vira eleitor contra impeachment

Após deixar o cargo na última quinta (16), Marcelo Mariano, ex-diretor administrativo do Corinthians, pretende se juntar ao grupo de conselheiros que votará contra o impeachment de Augusto Melo. A votação sobre o futuro do presidente alvinegro está marcada para a próxima segunda (20).
Marcelinho, como também é conhecido o ex-dirigente, estava licenciado do Conselho Deliberativo (CD). O estatuto impede diretores de exercerem também as funções de conselheiros.
Procurado pela coluna, o ex-diretor não quis falar sobre sua saída. Porém, ele afirmou que espera participar da reunião, pois já pode retornar ao órgão. Em suas palavras, Mariano disse que vai votar "contra o golpe".
Apoiadores de Melo tratam o pedido de destituição do presidente como uma ação política e golpista. Assim como Augusto, eles afirmam que o presidente não praticou atos irregulares.
Por sua vez, a oposição sustenta que o requerimento que defende o impeachment é um documento puramente técnico. A alegação é de que o dirigente desrespeitou o estatuto com suas ações.
O principal episódio usado pelos opositores é o escândalo policial em que se transformou a intermediação do contrato de patrocínio entre Corinthians e Vai de Bet.
Pressão
Segundo nota divulgada pelo Corinthians, Augusto aceitou pedido de afastamento feito por Marcelinho. De acordo com o comunicado, ele optou por "deixar a diretoria para que a gestão consiga trabalhar de forma pacífica".
As cobranças de conselheiros e membros da gestão pelo afastamento de Marcelinho começaram no primeiro semestre do ano passado.
Um dos argumentos era o de que ele teria autorizado o pagamento de parte da comissão pela intermediação do patrocínio da Vai de Bet para a Rede Social Media Design.
Após o recebimento, ela transferiu dinheiro para a Neoway Soluções Integradas, empresa de fachada, segundo a Polícia Civil. Mariano nega ter cometido irregularidades.
A pressão por sua saída aumentou na semana passada, após o UOL revelar o depoimento do CEO da Vai de Bet no inquérito policial sobre o caso.
José André da Rocha Neto disse que não teve contato com Alex Cassundé, dono da Rede Social Media Design e apontado como intermediário do acordo. Ele também citou Marcelinho como um dos participantes de uma reunião para tratar do patrocínio. O dono da Rede Social Media Design receberia R$ 25,2 milhões pela intermediação.
Suspensão
A Comissão de Ética e Disciplina do CD recomenda a suspensão do processo de impeachment até que a investigação policial seja concluída.
Na reunião da próxima segunda, após o parecer ser apresentado formalmente, Augusto ou um representante escolhido por ele terá tempo para fazer a sustentação oral de sua defesa. Depois, acontecerá a votação secreta para definir se o presidente será destituído.
Caso a maioria opte pela destituição, o impeachment será submetido ao voto dos associados. Até lá, Osmar Stabile, primeiro vice-presidente, ficaria no cargo.
Sendo confirmado o impeachment pelos sócios, o novo presidente é escolhido pelo CD. Vale lembrar que outro pedido de processo de destituição foi feito pelo Cori (Conselho de Orientação). Ele não entra na votação programada para segunda.
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