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Fairplay financeiro é necessário, mas não só por Depay no Corinthians

A iminente contratação de Memphis Depay pelo Corinthians reaqueceu o tema fairplay financeiro no futebol brasileiro.

"Como pode um clube cheio de dívidas contratar um reforço deste porte? Isso é injusto com quem paga em dia." Esse é a justificativa mais ouvida para pedir a aplicação de regras que tratem da capacidade de gastos das agremiações.

E ela faz sentido. É injusto para um credor do Corinthians ver o rival se reforçar com um nome que ele não pode trazer.

Sim, é preciso criar um sistema de controle de gastos que avalie a capacidade dos clubes de investir e que evite injustiças como essa. Porém, o fairplay financeiro não pode ser transformar numa medida anticorintiana.

O Corinthians não é o primeiro clube brasileiro a contratar jogadores caros apesar de estar endividado.

Infelizmente, estamos cansados de ver as agremiações por aqui se endividarem para montar times fortes, ganharem títulos e depois entrarem em parafuso.

Um exemplo recente é o do Cruzeiro, que depois de dar voltas olímpicas sofreu o efeito rebote e foi parar na Série B.

O fairplay financeiro é necessário não só parar evitar injustiças, mas para proteger clubes de dirigentes que gastam como se não houvesse amanhã.

O Corinthians de Augusto Melo tem um gasto médio mensal com seu time, incluindo todos os funcionários e salários, direitos de imagens e bonificações um pouco acima dos R$ 20 milhões. Isso para brigar contra o rebaixamento no Brasileirão.

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A despesa já estava em patamar parecido em 2023, com Duilio Monteiro Alves na presidência e com o Alvinegro também brigando para não ir para a Série B. Os dois casos são escandalosos.

A atual gestão foi imprudente por não reduzir o nível de despesas do clube com o futebol.

Só que a direção corintiana arriscou mais quando decidiu dar um contrato milionário para Coronado do que ao buscar Depay. O holandês tem um currículo muito mais robusto do que o brasileiro. Além disso, o plano é que a maior parte de sua remuneração seja paga com os R$ 57 milhões reservados no contrato com a Esportes da Sorte para contratações.

A patrocinadora tem seu CEO como um dos alvos da operação policial Integration, mas o Corinthians entende que possui mecanismos contratuais para se proteger de um eventual calote.

Investir na contratação de Pedro Raul, que há tempos não mostra um bom desempenho, foi outra decisão incompatível com a situação financeira alvinegra.

Mas, até Depay entrar na mira corintiana, o tema fairplay financeiro estava praticamente adormecido. Como se o problema não fosse o Corinthians gastar mais do que sua condição financeira sugere ser viável, mas fazer altas despesas para trazer jogador de alto nível.

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Também é importante lembrar que o Alvinegro não fere nenhuma regra da CBF ao contratar Depay já que não existe controle de gastos por parte da entidade. Assim, o clube não pode ser tratado como um infrator de regulamento.

A atual diretoria corintiana errou feio ao decidir manter um time caro em vez de reduzir os gastos pensando numa solidez administrativa no futuro.

Mais do que o campeonato é o próprio Corinthians que sai perdendo com essa política. No entanto, tal atitude não transforma o clube na razão da implementação do fairplay financeiro no futebol nacional.

O exemplo atual é só mais uma constatação de que a CBF precisa agir. Não para impedir o Corinthians de trazer bons jogadores, mas para atacar um problema que atinge o futebol brasileiro muito antes de Depay despontar como possível salvação corintiana.

Reportagem

Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

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