Seleção brasileira: Diniz adota o discurso certo no lugar errado
Internamente, para os jogadores, e publicamente, nas entrevistas coletivas, Fernando Diniz defende a manutenção de sua ideia de jogo para a seleção brasileira, com dois volantes e quatro atacantes.
Como mostrou o UOL, o treinador apresentou aos atletas momentos em que a equipe foi bem contra a Colômbia, explicando que a melhora depende de ajustes.
Ele tem razão. Existe um bom caminho para evolução. A questão é: por que insistir nessa linha se a CBF planeja trocar Diniz por Carlo Ancelotti no ano que vem?
O treinador brasileiro pensa a longo prazo num lugar em que seu trabalho é desejado por um período curto.
Os primeiros minutos contra os colombianos sustentam a defesa que Diniz faz de suas ideias. Foram momentos de um futebol insinuante e perturbador para o adversário.
Porém, os atletas demonstraram na sequência da partida que têm dificuldade para atender aos pedidos do chefe. Algo natural em começo de trabalho.
É importante lembrar que o desempenho da seleção na derrota para a Colômbia foi atrapalhado também pelo erro de Diniz ao tirar Rodrygo, o melhor do time, para a entrada de Paulinho.
Apesar dos problemas, em entrevista coletiva antes do confronto com a Argentina nesta terça (21), o treinador sustentou que discorda dos que pedem a entrada de um meio-campista no lugar de um atacante para deixar o time mais protegido.
De fato, essa mudança não é a única forma de dar mais proteção à defesa. Com a formação atual, é possível aumentar a segurança defensiva. Mas para isso é preciso organização dos atacantes para defender, entrosamento entre eles e os volantes e ajuda defensiva para os laterais
Tudo isso leva tempo. Com o Brasil em quinto lugar nas Eliminatórias e prestes a encarar os atuais campeões do mundo, não seria melhor deixar essa transformação de lado e adotar um sistema ao qual os jogadores estivessem mais acostumados?
Claro que seria, mas esse não é o estilo de Diniz. Ele acredita na implantação de sua ideia de jogo, mesmo tendo de enfrentar dificuldades e deixando pontos pelo caminho.
Diniz não enganou a CBF. Todo mundo sabe que o treinador do Fluminense pensa assim. O ½problema foi a CBF escolher um treinador que desenvolve projetos longos para fazer um trabalho tampão.
A confederação espera contar com o atual treinador do Real Madrid a partir da Copa América do ano que vem. A competição começa em 20 de junho.
Se estivesse num clube, com contrato longo, iniciando um trabalho, todo o esforço de Diniz para mudar o jeito da equipe de jogar faria sentido. Mas no contexto em que ele assumiu a seleção brasileira parece apenas desperdício de energia por parte dele e dos atletas.
Se existisse uma sinalização de que Ancelotti pretende concluir a estrada que o treinador brasileiro tenta abrir, o esforço seria justificável. Mas não existe esse sinal. Pelo menos não publicamente. Nesse contexto, o técnico brasileiro prega o discurso certo no lugar errado.
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Quero receberDiniz tenta motivar os jogadores a se esforçarem para colocarem a seleção no que ele chama de rumo certo. Enquanto isso, diante do plano da CBF de trocá-lo por Ancelotti, o time parece apenas rumar para o nada.
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