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OPINIÃO

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Corintianos sofrem com decisões incompreensíveis da diretoria

Arrascaeta marcou para o Flamengo na partida contra o Corinthians, válida pelas quartas de final da Libertadores - EDUARDO CARMIM/AGÊNCIA O DIA/AGÊNCIA O DIA/ESTADÃO CONTEÚDO
Arrascaeta marcou para o Flamengo na partida contra o Corinthians, válida pelas quartas de final da Libertadores Imagem: EDUARDO CARMIM/AGÊNCIA O DIA/AGÊNCIA O DIA/ESTADÃO CONTEÚDO

03/08/2022 11h48

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Na derrota para o Flamengo por 2 a 0, pela primeira partida das quartas de final da Libertadores, na última terça (2), o torcedor corintiano pagou com o próprio sofrimento por uma série de decisões incompreensíveis tomadas pela diretoria comandada por Duilio Monteiro Alves.

O jogo terminou em ritmo de treino para o time de Dorival Júnior e com festa rubro-negra e no setor sul da Neo Química Arena.

O que aconteceu dentro de campo, em grande parte, foi resultado do planejamento ruim feito pela direção para a temporada.

Na arquibancada, até uma parcela dos sócios-torcedores mais assíduos do Corinthians se viu impossibilitada de assistir ao jogo onde está acostumada e por um preço mais acessível. Tiveram que se deslocar por causa da decisão da diretoria de ceder 4 mil ingressos do setor sul aos flamenguistas em troca de reciprocidade no Maracanã.

A má notícia para a Fiel é que a onda de decisões incompreensíveis dos cartolas tem grande chance de continuar. Isso por conta da possível ida de Luan para o Santos com o Corinthians pagando 100% do salário do jogador que reforçaria o rival.

Planejamento

O Corinthians até que começou bem a partida contra o Flamengo, marcando a saída de bola. Depois de Maycon sair machucado por causa de falta dura cometida por Thiago Maia, a qualidade do rival começou a fazer diferença.

Os erros de passes corintianos foram aumentando até que Cantillo falhou feio e deixou a bola para Arrascaeta marcar um golaço.

O primeiro tempo terminou com um passeio flamenguista e foi assim até o final da partida.

Vítor Pereira tem culpa por colocar Cantillo como primeiro volante, marcando Arrascaeta. Apesar de ter evoluído na marcação, o colombiano possui histórico de erros de passes que levam perigo ao time.

VP também foi mal, na minha opinião, por escalar Piton no lugar de Fábio Santos, que tem jogado melhor.

Mas, de modo geral, o Flamengo se valeu da maior qualidade de seu elenco. Além da reestruturação financeira ocorrida na Gávea nos últimos anos, essa superioridade passa pelos erros de planejamento do Corinthians.

Duilio poderia ter demitido Sylvinho no final de 2021 e já ter iniciado o trabalho de outro comandante. Mas preferiu apostar na permanência do treinador, que acabou sendo dispensado no início de 2022. Tempo precioso foi perdido.

Apesar de o grupo enfrentar uma carência de primeiro volante, a diretoria permitiu a ida de Gabriel para o Inter em fevereiro e só agora, com Fausto, parece ter conseguido fazer uma boa reposição. A conferir a evolução do argentino.

Fausto acabou de chegar. Não seria prudente VP optar por sua escalação desde o início contra o Fla já que ele ainda não conhece todos os movimentos da equipe. Porém, o reforço teve que entrar ainda no começo para substituir Maycon.

Outro erro foi começar o ano apostando num elenco com muitos veteranos entre os titulares. VP foi lapidando jovens da base, dando continuidade ao que Sylvinho já vinha fazendo.

Eis que, em outra atitude inexplicável, na minha opinião, a diretoria envolve Mantuan na contratação de Yuri Alberto. O atleta formado na base era um das melhores opções ofensivas de VP quando saiu. Também é difícil de entender a inclusão do goleiro Ivan na troca por empréstimo acertada com o Zenit. Ele foi trazido para ser o reserva de Cássio. Ao menos era o que parecia.

O Corinthians sofre para fazer gols. Yuri não foi bem contra o Flamengo. De acordo com site Footstats, ele não fez finalizações durante a partida. Sua dificuldade é natural para quem acabou de chegar e atua no setor menos arrumado time.

A responsabilidade maior é da diretoria chefiada por Duilio, com Roberto de Andrade na diretoria de futebol e Alessandro na gerência. Para corrigir suas falhas de planejamento, a direção fez com que o Alvinegro chegasse num duelo de quartas de final da Libertadores com jogadores se adaptando ao time.

Balbuena, outro que acaba de chegar, falhou no segundo gol rubro-negro na avaliação deste colunista.

Desalojados

Parte dos corintianos que mais frequentam a Neo Química Arena acompanhou a pífia apresentação da equipe longe de onde está acostumada e pagando mais caro.

Isso porque Duilio decidiu ceder cerca de 64,4% do setor sul, o segundo mais barato do estádio, para a torcida do Flamengo para cumprir o acordo dos 4 mil ingressos.

Como mostrou a coluna, parte dos membros do programa de sócio-torcedor do clube não conseguiu adquirir entrada nessa área da arena, mesmo entrando no site logo no início da venda para torcedores com prioridade na compra por conta de serem assíduos frequentadores da arena.

O clima entre eles, claro, é de dupla insatisfação. Com o futebol apresentado pela equipe e a indesejada saída do local em que costumam assistir às partidas.

Por outro lado, líder de uma das torcidas organizadas corintianas disse à coluna, antes do jogo, que o acordo dos 4 mil ingressos foi bom por acreditar que os corintianos farão mais barulho Maracanã do que os rivais em Itaquera. As uniformizadas ficam no setor norte da Neo Química Arena.

Luan

A chance é grande de o corintiano ter que lidar com outra negociação em que é difícil de se enxergar a vantagem para o Alvinegro.

Duilio está disposto a pagar 100% dos salários do jogador para que ele atue pelo Santos. Mesmo sabendo que nenhum rival faz algo de graça para o Timão.

A diretoria ainda não se pronunciou oficialmente. Buscando uma explicação, chegamos à conclusão de uma aposta na valorização de Luan defendendo o Santos. Dá até para fazer a tentativa, mas pelo menos recebendo alguns trocados para diminuir o prejuízo. De preferência, independentemente de eventuais metas a serem alcançadas pelo jogador.

Caso se confirme o empréstimo nesses moldes, Duilio vai insistir em sua visão peculiar de negócios. A mesma que o fez dar espaço publicitário no clube para a Taunsa antes de receber o dinheiro combinado à vista. O departamento jurídico corintiano havia sugerido essa forma de pagamento contra o detectado risco de calote, que se confirmou.

É preciso ser justo e dizer que a diretoria também tomou boas decisões. Contratar Vítor Pereira foi a melhor delas, tecnicamente falando. Financeiramente é difícil opinar antes do próximo balanço anual.

Mas, por enquanto, Duilio caminha para deixar a aposta e, consequentemente o risco, entre as marcas de sua gestão. Para sofrimento da Fiel.