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OPINIÃO

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Perrone: Gagliasso e Ewbank servem de inspiração contra racismo em estádios

Giovanna Ewbank e Bruno Gagliasso falam sobre ataque racista contra os filhos - Reprodução/TV Globo
Giovanna Ewbank e Bruno Gagliasso falam sobre ataque racista contra os filhos Imagem: Reprodução/TV Globo

01/08/2022 13h55

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No último domingo (31), novos atos de racismo envergonharam o futebol brasileiro. Uma torcedora do Athletico-PR foi filmada imitando um macaco na direção de são-paulinos. Também existem relatos de bananas atiradas contra os tricolores.

Segundo nota emitida pelo São Paulo, um de seus funcionários também foi alvo de ato racista na Arena da Baixada.

Horas depois da imitação de macaco feita pela athleticana, o "Fantástico" exibiu uma entrevista que serve de inspiração para os torcedores no combate ao racismo.

Os atores Bruno Gagliasso e Giovanna Ewbank falaram sobre o ataque racista disparado por uma mulher branca contra seus filhos, Titi e Bless, e uma família angolana em Portugal.

A atitude do casal, que reagiu imediatamente com indignação (Gagliasso chamou a polícia enquanto Ewbank repreendia a mulher) contrasta com a passividade com que torcedores encaram atos racistas praticados por quem torce para o mesmo time.

Nos acostumamos a ver nos estádios brasileiros e em outros países da América do Sul a pessoa imitar um macaco e ser ignorada por quem está ao seu lado. É como se fosse um gesto aceitável.

Tivemos casos de torcedores do Boca Juniors acusados de racismo detidos pela polícia na Neo Química Arena, mas a denúncia foi feita por quem estava do outro lado da arquibancada, ou seja, por corintianos.

Não se deve ficar inerte ao racismo nunca. Mas, trazendo o tema para o âmbito do futebol, uma só fala de Gagliasso ao "Fantástico" resume porque é preciso também combater atos racistas eventualmente praticados por torcedores do seu time. "Essa briga é nossa. Essa luta é de todo mundo", disse o ator.

Simples assim. O combate ao racismo independe de distintivo de clube. É sua obrigação. Não combatê-lo significa no mínimo ser conivente.

Quem aparece observando um racista na arquibancada, ou em qualquer lugar, passivamente deve se sentir envergonhado por sua falta de atitude.

Se o cara vê alguém atirando uma banana em outro torcedor e não chama a polícia, no mínimo, ele tolera o racismo.

Gagliasso e Giovanna servem de exemplo para os torcedores que presenciam atos racistas porque não é preciso que ele seja praticado contra um parente seu ou um torcedor do seu time para existir reação. Não dependemos de condições para reagir. E não se trata de agredir o racista (Ewbank deu tapas na acusada de ataque racista, porém, violência nunca é o caminho), mas, sim, de mostrar que você não tolera atitudes racistas e chamar a polícia.

Claro que a diminuição de atos racistas nos estádios brasileiros, assim como na sociedade de maneira geral, depende de muitos fatores. Principalmente educação, leis sem brechas e eficiência da polícia e da Justiça.

Só que não temos tempo para esperar pela transformação. Precisamos cobrar uma melhora na educação nesse sentido, assim como que injúria racial e racismo sejam punidos severamente.

Mas, ao mesmo tempo, devemos nos inspirar em Gagliasso e Ewbank. É preciso reagir. Se racistas forem denunciados por suas próprias torcidas, os outros não devem se sentir confortáveis para cometer crimes como se sentem hoje.