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OPINIÃO

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Perrone: Jogadores precisam se unir contra onda de agressões

Pedra jogada no ônibus do Grêmio - Divulgação/Grêmio
Pedra jogada no ônibus do Grêmio Imagem: Divulgação/Grêmio

28/02/2022 10h11

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A nova onda de violência de torcedores contra jogadores de futebol no Brasil exige união de atletas e membros de comissão técnica. Eles precisam dar as mãos para cobrar das autoridades de segurança pública medidas de combate e prevenção.

Também devem pressionar os dirigentes a entrarem nessa luta, independentemente de seus times terem sido ou não afetados.

Um bom começo seria ninguém entrar em campo no país logo após atos de violência.

Não resolveria o problema, mas ajudaria a expor a gravidade do que está ocorrendo. Já seria uma forma de pressão sobre responsáveis por identificar, prender preventivamente, processar e julgar os criminosos.

Automaticamente, os cartolas também teriam que se mexer. Muitos deles têm trânsito com governantes para exigir um mecanismo mais eficiente de prevenção e resposta a esses ataques.

Continuar jogando após atentados contra a vida de quem estava se dirigindo ao trabalho ou já trabalhando é contribuir para a sensação de normalidade e impunidade.

Depois do ônibus do Bahia ser alvo de seus próprios torcedores, o time chegou ao estádio e jogou. Isso mesmo com goleiro Danilo Fernandes no hospital.

Após esse episódio, tivemos ataques dos torcedores do Inter ao ônibus do Grêmio e de fãs do Maringá à delegação do Cascavel. Vimos ainda torcedores do Paraná entrando em campo para agredir os jogadores de seu time por conta do rebaixamento no Paranaense.

Pode ter sido tudo coincidência? Pode. Mas duvido que tenha sido.

O fato de o Bahia ter entrado em campo logo após o atentado contribuiu para uma sensação de normalidade. Ela não inibe quem tenha gostado da ideia de ferir jogador.

Não ter jogo, como ocorreu no Gre-Nal, não precisa ser exclusivamente um ato de resistência dos atletas. Os dirigentes precisam entender a gravidade da situação e suspender automaticamente a partida que tenha uma equipe como vítima.

Claro que o que mais contribui para as agressões é a dificuldade da polícia para evitá-las e, muitas vezes, a sua demora em identificar os culpados.

A pequena capacidade de indignação da comunidade do futebol contra esses atos repugnantes completa o combo que colabora para a sensação de impunidade, combustível para novos atos criminosos.

Nesse sentido, o desabafo de Abel Braga sobre o tema é um farol que ilumina o caminho da reação. É preciso gritar contra o que está acontecendo e cobrar os órgãos de segurança pública. Deixar como está é esperar pela morte de um jogador numa dessas emboscadas.