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REPORTAGEM

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Dirigentes enxergam Caboclo e Del Nero com munição para se destruírem

Rogério Caboclo, presidente afastado da CBF - Jorge Adorno/File Photo/Reuters
Rogério Caboclo, presidente afastado da CBF Imagem: Jorge Adorno/File Photo/Reuters

02/07/2021 08h29

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Uma guerra com potencial para destruir os dois adversários. Essa é a expectica gerada nos bastidores do futebol brasileiro pelo o conflito entre Rogério Caboclo e Marco Polo Del Nero.

Dirigentes de clubes e da CBF enxergam os dois cartolas municiados até os dentes para enfrentar o rival.

A tese é de que, como ambos andaram de mãos dadas por décadas, um conhece o ponto fraco do outro. Assim, se existirem segredos comprometedores, eles podem ser jogados no ventilador.

Por isso, cartolas que acompanham os movimentos dos dois acreditam na possibilidade de novas denúncias feitas pelos ex-aliados acontecerem.

Del Nero é tido como um dos cartolas mais hábeis nos bastidores do futebol brasileiro.

Interlocutores de Caboclo o definem como obcecado por vingança contra quem chama de traidores.

Afastado por até 60 dias da presidência da CBF por conta de acusações de assédio moral e sexual, Caboclo declara publicamente ser vítima de uma armação arquitetada por Del Nero, que rejeita a acusação.

Nesta quinta (1°), o dirigente afastado acusou o ex-presidente da CBF de propor indenização de cerca de R$ 12 milhões em troca do silêncio da funcionária que o acusou de assédio moral e sexual.

A resposta do ex-presidente, banido pela Fifa sob a acusação de praticar atos de corrupção que ele nega, veio em forma de uma nota carregada de veneno. Del Nero chamou Caboclo de perverso e disse que ele viaja em alucinações, entre outras provocações.

Por trás da briga está a luta pelo poder. Del Nero tem hoje aliados em postos importantes na CBF. Segundo cartolas da entidade, ele se movimenta para eleger um vice-presidente em quem confia para completar o mandato de Caboclo até abril de 2023. Isso se o afastamento provisório se tornar definitivo. Assim, manteria sua influência na confederação.

Por sua vez, Caboclo faz intenso trabalho em busca de apoio para se manter no cargo. Caso a Comissão de Ética do Futebol Brasileiro determine seu banimento, a decidão precisa ser referendada por uma assembleia com os presidentes de federações. Seriam necessários 80% dos votos para validar o afastamento.

Del Nero e Caboclo começaram a trabalhar juntos na Federação Paulista de Futebol (FPF). O então presidente da entidade, Marco Polo, buscou Rogério no São Paulo para atuar na área financeira da FPF.

Del Nero tratava Caboclo como prodígio e o levou também para a CBF.

Dirigentes que conviviam com ambos entendiam que o presidente da CBF na ocasião preparava o pupilo para ser seu sucessor. Quando foi banido pela Fifa, Del Nero trabalhou para Caboclo ser eleito.

O caminho que ambos trilharam juntos hoje é visto pelo entorno de ambos como um campo minado com potencial para fazer estragos irreversíveis.