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OPINIÃO

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Acusação de assédio e afastamento tornam Copa América inútil para Caboclo

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06/06/2021 19h58

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Pressionado em várias frentes, Rogério Caboclo apostou todas as suas fichas na realização da Copa América no Brasil.

A estratégia, no entanto, terminou em desastre para o cartola.

O presidente da CBF ficou ainda mais fragilizado ao se indispor com Tite e os jogadores da seleção brasileira, contrários ao torneio em estádios brasileiros por conta da grave crise sanitária vivida pelo país desde o início da pandemia de covid-19.

A Copa América e o atrito com a comissão técnica e os jogadores da seleção colocaram Caboclo em evidência justamente quando uma bomba-relógio estava prestes a estourar.

Ela estourou na última sexta (4) com a formalização de uma denúncia de assédio moral e sexual feita contra ele por uma funcionária da CBF.

As acusações foram apresentadas na Comissão de Ética do Futebol Brasileiro e na diretoria de Governança e Conformidade da CBF.

Neste domingo (6), a Comissão de Ética determinou o afastamento do dirigente por 30 dias para que ele se concentre em sua defesa.

A decisão enterra de vez a chance de o cartola ganhar musculatura graças à Copa América.

Caboclo vinha sendo criticado por presidentes de clubes por conta de seu comportamento considerado autoritário e rude por muitos deles. O cartola também convivia diariamente com comentários internos e externos de que seria acusado de assédio.

Nesse cenário, ajudar a Conmebol a conseguir uma nova sede para a Copa América, após a desistência da Argentina e de a Colômbia se tornar inviável, parecia ser uma forma de Caboclo se fortalecer politicamente. Ele ganharia apoio na Conmebol e se aproximaria do presidente Jair Bolsonaro.

O primeiro revés veio com a insatisfação na seleção brasileira. Os jogadores, apoiados por Tite, reclamam não só da realização da competição em território nacional em plena pandemia de covid-19, mas também por não terem sido avisados antes. A avaliação dos atletas, conforme apurou o blog, é de que eles precisavam saber da possibilidade de o torneio acontecer no Brasil já que seriam cobrados pela sociedade para se manifestarem.

O episódio gerou mais um foco de insatisfação contra Caboclo e o deixou em evidência justamente no momento em que denúncia e afastamento se concretizaram.

De nada adianta ter Conmebol e Bolsonaro como aliados agora. O fortalecimento que a competição continental poderia dar ao dirigente só aumentou sua anemia política e institucional.

Apenas provar sua alegada inocência resolveria. Segundo nota da assessoria da CBF, "a defesa de Rogério Caboclo responde que ele nunca cometeu nenhum tipo de assédio. E vai provar isso na investigação da Comissão de Ética da CBF".

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