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REPORTAGEM

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Caboclo alerta clubes para se modernizarem antes de virarem clube-empresa

Rogério Caboclo, presidente da CBF - Reprodução
Rogério Caboclo, presidente da CBF Imagem: Reprodução

17/04/2021 09h48

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Em reunião nesta sexta (16), Rogério Caboclo, presidente da CBF, pediu aos clubes interessados em se transformar em empresa que se antecipem ao projeto de lei em tramitação no Senado e já modernizem suas gestões. Isso para evitar problemas quando começarem a ser cobrados para cumprir as exigências previstas pela nova lei, desde que ela seja aprovada.

A mensagem em tom de alerta foi dada a dirigentes dos clubes que integram as quatro divisões do Campeonato Brasileiro durante videoconferência com o senador Carlos Portinho (PL-RJ). Ele é o relator do projeto de lei que prevê a criação da Sociedade Anônima do Futebol (SAF). Presidentes de federações também participaram do encontro.

"Fiz um alerta para os clubes (interessados) se transformarem com responsabilidade. Eles precisam fazer uma pré-profissionalização, com auditorias, compliance, due diligence, precisam estar prontos para o rigor da bolsa de valores", afirmou Caboclo em entrevista ao blog.

"Não sou contra, pelo contrário. A CBF vê com bons olhos. A lei prega modernismo, vai permitir resultados empresariais, econômicos e até esportivos importantes. Eles (os que se transformarem) vão atrair novos investimentos, mas terão uma carga tributária maior. Precisam se preparar para não perderem tempo e dinheiro. Quem não conseguir cumprir as exigências da lei terá problemas. Minha recomendação foi nesse sentido", disse o presidente da CBF.

Caboclo elogiou Portinho por estar ouvindo todos os setores envolvidos com o futebol antes de fechar o texto do projeto.

"Não há motivos para criticar a lei porque ela é facultativa, democrática e eficiente. O senador ouviu todos os atores. Vemos maturidade na proposição", analisou Caboclo.

Durante o encontro, representantes de clubes falaram da necessidade de um período de transição em relação a tributos que não pagam hoje e passarão a pagar caso se transforem em sociedades anônimas do futebol.

"Muitos colocaram essa necessidade de fazer uma transição (aumentar a carga tributária aos poucos). Eu já vinha maturando validar isso. O projeto prevê (que comece com) uma tributação de 5% em regime de caixa. Precisamos construir uma transição tributária. Não dá para o clube dormir não pagando nada e acordar no dia seguinte pagando 34% ou até mesmo 5% em regime de caixa", afirmou o senador Carlos Portinho.

Segundo o relator do projeto, uma carga tributária menor ajudaria no pagamento das dívidas trabalhistas feitas pelos clubes.

O texto inicial do projeto apresentado pelo senador Rodrigo Pacheco (DEM-MG), atual presidente do Senado, tem como mentores os advogados José Francisco Mansur e Rodrigo Monteiro de Castro.

Nessa versão, os clubes poderão pagar todos os impostos numa alíquota de 5% durante cinco anos. Após esse período, o pagamento seria igual ao de todas as empresas.

A mudança que Portinho deve fazer é para que essa porcentagem saia de zero e aumente gradativamente.

Portinho espera que o projeto seja colocado em votação no Senado em maio.

"Estou na décima nona reunião com setores ligados ao projeto. Ao todo serão vinte e duas. Temos mais três para fazer até 23 de abril. Aí eu paro, preciso de uns 10 dias para trabalhar o relatório, trabalhar com o governo, mais essa parte tributária. A ideia é votar no início de maio", explicou o senador.

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