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Corinthians: assembleia de credores da Odebrecht é suspensa

13/04/2021 14h18

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Com Yago Rudá, do UOL, em São Paulo

Credores de empresas do Grupo Odebrecht decidiram suspender na última segunda (12) a assembleia que decidirá a respeito da aprovação ou rejeição do plano de recuperação judicial das companhias. No pacote está acordo entre o Corinthians e a OPI (Odebrecht Participações e Investimentos) para quitar parte da dívida do clube pela construção de sua arena. A assembleia, que já havia sido suspensa anteriormente, será retomada em 12 de maio.

Em outra frente, atendendo à solicitação das partes, a Justiça Federal suspendeu, em 5 de março, por mais 90 dias o processo no qual a Caixa Econômica Federal cobra a Arena Itaquera S.A. (controlada por Corinthians e Odebrecht). A dívida é referente ao financiamento de R$ 400 milhões feito junto ao BNDES por meio da Caixa para ajudar a bancar a construção do estádio.

De acordo com a ata da assembleia de credores, a representante das empresas do Grupo Odebrecht, a advogada Carolina Letizio, informou sobre evoluções nas conversas com os credores e que seria preciso tempo adicional para que fossem colocados em votação os planos de recuperação judicial. Por isso foi encaminhada a suspensão.

O documento mostra que a Caixa Econômica Federal pediu prazo maior para analisar os planos de recuperação.

"A dra. Rosemary Freire, representante da Caixa Econômica Federal, ressaltou que, diante da falta de juntada da versão atualizada do plano de recuperação judicial nos autos, a CEF tem necessidade de ter um prazo de ao menos 60 dias entre a apresentação de qualquer versão dos planos e sua deliberação, para aprovação nos órgãos internos da instituição financeira", diz trecho da ata.

Um dos planos de recuperação judicial a serem analisados na assembleia é o da OPI e envolve, entre outras questões, o acerto com o Corinthians.

Segundo fonte ligada ao clube, a empresa concordou em deixar de cobrar uma dívida que era calculada por dirigentes corintianos em cerca de R$ 175 milhões em 2019.

Com descontos esperados inicialmente por cartolas que tratavam do assunto, a dívida poderia cair para aproximadamente R$ 87,5 milhões. O débito se refere a valores levantados pela OPI junto à Caixa Econômica Federal por meio da emissão de debêntures para ajudar a arcar com as despesas da construção da Neo Química Arena.

A mesma fonte diz que a OPI alega que desistiu da cobrança por acreditar que o clube não teria como pagar e que a insistência na cobrança poderia atrapalhar a recuperação judicial.

Em outro acordo, dirigentes alvinegros afirmam foi quitada a dívida do alvinegro com a OEC (Odebrecht Engenharia e Construção), ligada diretamente à obra da Arena Corinthians. Nesse caso, as duas partes concordaram que a partir do trato uma não deve nada para outra. Para tanto, a empresa deixou de cobrar juros do clube. Além disso, ela já tinha recebido como parcela do pagamento CIDs (Certificados de Incentivo ao Desenvolvimento), títulos que quem compra pode usar para pagar parte de impostos com a prefeitura.

O Corinthians também ficou responsável por pagar o que falta da dívida com a Caixa referente ao financiamento de R$ 400 milhões feito junto ao BNDES por meio da Odebrecht.

O clube alega que está perto de um acordo com o banco, mas as partes precisaram pedir nova suspensão da execução para tentar sacramentar o acerto.

Alegando inadimplência por parte da Arena Itaquera, a Caixa foi à Justiça exigindo pagamento antecipado da dívida. Com multa, o valor cobrado inicialmente foi de R$ 536 milhões. Hoje, novos cálculos jogam essa quantia para perto de R$ 580 milhões, conforme apurou a reortagem. O Corinthians discordou da cobrança.