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Ex-dirigentes do Palmeiras: Mattos interpelou Mustafá na Justiça

Alexandre Mattos - Bruno Cantini / Divulgação / Atlético-MG
Alexandre Mattos Imagem: Bruno Cantini / Divulgação / Atlético-MG

07/04/2021 04h00

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Com Pedro Lopes, do UOL, em São Paulo

Informação publicada por um colunista do "Jornal Estado de Minas" fez com que Alexandre Mattos interpelasse Mustafá Contursi na Justiça de São Paulo. O ex-diretor de futebol do Palmeiras interpelou judicialmente o ex-presidente do clube para saber se ele estava investigando suas negociações como dirigente alviverde.

O juiz Fabrizio Sena Fusari considerou as informações prestadas, e o procedimento foi encerrado em janeiro deste ano. O magistrado lembrou que as duas partes poderiam contestar a decisão.

A história começou quando o jornalista Jaeci Carvalho publicou em sua coluna no periódico mineiro, em 22 de agosto de 2020, texto que citava os dois personagens célebres no Alviverde.

"Mustafá Contursi, ex-presidente do Palmeiras, já disse que está buscando documentos e investigando algumas transações feitas no período em que o diretor de futebol do Palmeiras (Mattos) trabalhava lá. Há um promotor, em São Paulo, que também está investigando negociações suspeitas. Em breve teremos novidades", escreveu o colunista.

Então, em outubro do ano passado, Mattos, que na ocasião trabalhava no Atlético-MG, acionou a Justiça para perguntar ao ex-presidente palmeirense se ele fez as afirmações citadas na coluna. Outras oito perguntas foram feitas no pedido.

"Estou movendo processo criminal por injúria e difamação contra um jornalista e só interpelei o Mustafá porque ele foi citado por esse jornalista. Meu advogado explicou que o caso da interpelação está arquivado. Estou 100% satisfeito com as respostas do Mustafá e vou usá-las no processo contra o jornalista. Isso é chato, mas necessário para servir de exemplo para que as pessoas tenham muita responsabilidade com o que escrevem e falam de alguém", disse Mattos ao blog. Ou seja, ele não faz acusações a Mustafá.

Por sua vez, o ex-presidente disse que não saberia falar detalhes do caso sem consultar seu advogado.

"Essas perguntas não tinham que ser feitas para mim. Não escrevi a matéria e nem tinha tinha declaração (entre aspas) minha nela", afirmou Contursi ao blog.

Foi isso que alegou o advogado do ex-presidente. "Ademais, pretende o interpelante (Mattos) que o interpelado (Contursi) pratique um exercício de mera presunção e aponte levianamente 'a possível fonte' de informações que ele não prestou e, com isso, pratique o ilícito de macular a garantia constitucional do autor da matéria, prevista no art. 5º, inciso XIV da Constituição Federal, que assegura o sigilo da fonte jornalística", escreveu o advogado de Mustafá, Carlos Eduardo de Oliveira Pereira.

Ele solicitou que fosse negado o prosseguimento do pedido de explicações sustentando que Mustafá não era a pessoa certa para ser interpelada.

Mesmo assim, o ex-presidente respondeu às perguntas, mas pediu que elas fossem mantidas em sigilo, sendo entregues a Mattos apenas se o caso prosseguisse.

O juiz determinou o arquivamento dos autos em 11 de janeiro de 2021 e confirmou a decisão no dia 13 do mesmo mês, depois de a defesa de Mustafá reforçar a solicitação para que a interpelação não prosseguisse e as respostas não fossem enviadas para Mattos.

"Mantenho a decisão de fl. 29, eis que o procedimento de interpelação judicial se encerra com as informações, que foram prestadas", escreveu o magistrado em 13 de janeiro.

Abaixo, veja as nove perguntas feitas por Mattos para Mustafá na Justiça.

"Assim, visando inferir com clareza a intenção e o contexto em que as possíveis declarações foram proferidas em desfavor do requerente (Mattos), é fundamental que o requerido (Mustafá) forneça explicações, respondendo às seguintes perguntas:

1. O requerido já tinha obtido ciência do teor da matéria publicada pelo Jornal "Estado de Minas" na data de 22/08/2020 em que o jornalista Jaeci Carvalho afirmou que o Interpelado estaria 'buscando documentos e investigando algumas transações feitas no período em que (Alexandre) era diretor de futebol do Palmeiras'? E que ainda teria um promotor em São Paulo investigando o requerente?

2. O requerido conhece o jornalista Jaeci Carvalho?

3. Em algum momento o requerido chegou a conversar com o jornalista Jaeci Carvalho, com terceiros ou concedeu alguma entrevista e afirmou que estaria buscando documentos e investigando transações realizadas à época que o Alexandre Mattos era diretor de futebol da Sociedade Esportiva Palmeiras? E que ainda teria um promotor em São Paulo investigando o requerente?

4. No caso afirmativo da pergunta acima com qual pessoa conversou ou para quem concedeu entrevista e ainda qual o nome completo do promotor que estaria investigando e em qual promotoria do Estado de São Paulo o mesmo atua?

5. Qual é a função do diretor de futebol da Sociedade Esportiva Palmeiras?

6. À época em que o requerente exercia o cargo de diretor de futebol na Sociedade Esportiva Palmeiras, este possuía alguma atribuição na gestão financeira do clube (como emitir cheques, fazer pagamentos - dentre outros)?

7. Caso a resposta seja afirmativa, há alguma suspeita de irregularidades na possível participação na gestão financeira do clube pelo requerente? Quais?

8. Existem documentos que poderiam apontar alguma irregularidade na autuação de Alexandre Mattos na Sociedade Esportiva Palmeiras?

9. Caso negativo, o requerido saberia informar qual a possível fonte que tal jornalista poderia ter obtido essa informação e por qual motivo atribuiu essa declaração ao interpelado?"