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MP pede condenação de ex-conselheiro do Santos por injúria racial

12/02/2021 15h41

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O Ministério Público pediu a condenação do ex-conselheiro do Santos Márcio Antonio dos Santos Rosas por injúria racial. O crime teria sido cometido contra Renata Theodoro de Medeiros, ex-funcionária do clube, em 2019. Na ocasião, ele ocupava cargo no Conselho Deliberativo e prestava serviços ao clube. Ela trabalhava no departamento de marketing santista. Agora, a Justiça decide se condena ou absolve o réu.

Em suas alegações finais, a promotora Maria Pia Woelz Prandini diz não se opor à fixação de penas mínimas pelo fato de o réu ser primário. O crime de injúria racial prevê de um a três anos de reclusão, mais multa. Como já fizera no processo, Rosas disse ao blog ser inocente.

"Era uma brincadeira, como uma forma amorosa de falar, não citei nome de ninguém. Aparentemente a própria promotora e a juíza ficaram propensas a me inocentar. Agora temos que aguardar. Mas está tudo bem. Dificilmente vai ter uma condenação", afirmou Rosas.

Ele diz que fez uma brincadeira num grupo de WhatsApp no qual todos estavam brincando, mas que foi alvo de intriga política. Alegou não ser racista.

Ao ser lembrado que a promotora pediu sua condenação, diferentemente de sua previsão, Rosas enviou mensagem afirmando que "MP é sempre acusação".

Na gravação, sem citar o nome de Medeiros, ele usa termos chulos e faz afirmações com cunho sexual em referência a uma mulher chamada por ele de "neguinha".

No processo, Rosas diz que "neguinha" é uma expressão carinhosa e que ele, inclusive, usa com sua mulher.

Mas a promotora interpretou o termo de maneira bem diferente. No último dia 4, Prandini escreveu assim ao fundamentar o pedido de condenação:

"O termo 'neguinha' já é um diminutivo, uma palavra que diminui as pessoas. Ele se referiu à declarante, a diminuindo como pessoa. Sente-se diminuída com a utilização do termo 'neguinha'; no contexto, um homem branco utilizando esse termo 'neguinha' para a mulher preta, deixa subentendido que as pretas devem gostar de agradar os homens brancos, ao dizer 'a neguinha gosta dos meus abraços'. Na conotação que ele deu, fez com que sesentisse diminuída por duas vezes. Por ser mulher e por ser preta; até porque no departamento existiam outras mulheres, todas brancas, e o réu referiu-se à declarante como se ela, por ser preta, necessariamente, gostaria de agradá-lo, um homem branco".

A ex-funcionária foi demitida do Santos em 2020, durante a gestão de Orlando Rollo. Mário Badures, que integrava o Comitê de Gestão na ocasião e teve envolvimento no episódio em que Medeiros foi demitida, de acordo com o que consta nos autos, testemunhou no processo a favor de Rosas.