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Por que o que aconteceu com o Cruzeiro pode acontecer com o seu clube?

Rafael Sobis, do Cruzeiro, lamenta chance perdida contra o Juventude - Fernando Alves/AGIF
Rafael Sobis, do Cruzeiro, lamenta chance perdida contra o Juventude Imagem: Fernando Alves/AGIF

17/01/2021 12h14

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O fracasso do Cruzeiro, que ficará pelo menos mais um ano na Série B, é resultado de uma série de erros comuns no futebol brasileiro e serve de alerta para todos os grandes clubes do país.

Cair e voltar no primeiro ano está mais complicado do que antes. Um dos principais pontos para isso é o fato de os times considerados grandes não manterem mais a cota fixa de TV da Série A se forem rebaixados.

Esse benefício dava uma robusta vantagem a essas agremiações em relação a seus concorrentes na Segundona.

A mudança começou justamente em 2020, ano em que o Cruzeiro estreou na Série B.

Além disso, a equipe mineira também sentiu na pele os efeitos da política de calotes adotada por grande parte dos clubes do país.

Contratar jogadores, não pagar as parcelas ajustadas e deixar a bomba para o próximo presidente é uma prática quase tão antiga quanto o futebol brasileiro.

O problema é que por aqui a maioria dos cartolas não percebeu que a Fifa agora é dura com os caloteiros. Os devedores denunciados são punidos com impedimento de contratar ou até perda de pontos.

O Cruzeiro perdeu seis pontos na série B por causa de dívida. A falta deles foi fundamental para o clube já saber, antes do final do atual campeonato, que vai permanecer mais uma temporada na Série B. E justamente em 2021, ano de seu centenário.

Os calotes que podem gerar tais punições, normalmente são frutos do fato de práticas como compliance, austeridade financeira e gestão profissional só aparecerem em épocas de campanha eleitoral na maioria dos clubes.

Para tornar o buraco mais fundo, há a pandemia de covid-19. Teremos mais meses sem público nos estádios o que representa menos receitas.

As dificuldades econômicas do país e as incertezas geradas pela pandemia tornam mais difícil encontrar patrocínio. Antecipar receitas também está mais complicado e, em tese, mais caro.

Tudo isso mostra que cair e não voltar logo no primeiro ano, como aconteceu com o Cruzeiro, pode acontecer com qualquer clube brasileiro, incluindo o seu. Mesmo se hoje ele estiver bem administrado. Ou você tem segurança de que ele construiu uma solidez administrativa imune à ação de eventuais grupos políticos incompetentes ou aproveitadores?

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