Ceni não é tão bom quanto já disseram nem tão ruim quanto dizem agora
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Pedir a cabeça de Rogério Ceni neste momento é injusto na opinião deste blogueiro. Com apenas cerca de dois meses de trabalho na Gávea é impossível fazer uma análise definitiva sobre o desempenho do treinador.
Ceni ainda está construindo seu projeto no clube. Esse é o caminho normal no futebol. Anormal foi a forma rápida com que Jorge Jesus se adaptou e desandou a ganhar títulos.
Caso diretoria, torcida e imprensa usem o desempenho do português como régua para medir a competência de Ceni e de seus eventuais sucessores, o rubro-negro tem grande chance de virar uma máquina de moer treinadores.
Vale lembrar que, antes de Rogério, Domènec já tentou sem sucesso substituir Jesus. Fazer o que o português fez em tão pouco tempo é muito difícil. Por isso é importante o Flamengo ir para o divã e tratar de sumir com a sombra do português.
Porém, acredito que o maior problema nas críticas que já sentenciaram Ceni à demissão não é esse.
O goleiro é vítima de duas avaliações das quais discordo. Uma pouco antes de sua contratação. Outra feita por muita gente agora.
Ceni nunca foi tão bom como técnico quanto seus maiores fãs diziam. E nem é tão ruim quanto os críticos mais ferrenhos apontam agora.
O papel de gênio e o de treinador fracassado não servem para ele. Simplesmente porque o ex-são-paulino é um técnico em construção.
Antes de o Flamengo contratá-lo boa parte da imprensa o pintava como o melhor treinador do país naquele momento. Questão de opinião. Não tem certo ou errado aí. Mas talvez tenha, algumas vezes, faltado contextualizar sua situação no Fortaleza. Ele estava confortável num clube que conhecia e, mesmo tendo saído para uma breve passagem pelo Cruzeiro, tinha o elenco na mão. Além disso, suas metas eram mais modestas do que são agora.
Obviamente, ele precisaria de tempo para decifrar o Flamengo e seu grupo de jogadores. É preciso ter consciência disso antes de analisar seu trabalho.
Depois da derrota para o Fluminense passou a ser comum encontrar críticas que colocam Rogério como incapaz de comandar sua atual equipe. Exagero, acredito.
Ceni, hoje, está no meio do caminho entre os maiores elogios que já recebeu na nova carreira e as críticas mais duras. Não é ótimo. Não é péssimo. É um técnico jovem com trabalhos bons no Fortaleza e fracos no São Paulo e Cruzeiro. Em Belo Horizonte e na capital paulista ele não teve tempo para se firmar.
Atualmente, o ex-goleiro tem muitas dificuldades para fazer um ótimo elenco engrenar. Uma decepção para quem o via como genial. Natural para quem entende o contexto de sua contratação e sabe que ele precisa de algo que todos os seus colegas necessitam, mas poucos ganham: tempo.
Só depois de um prazo maior é possível fazer uma análise mais justa sobre seu desempenho. Mas, aconteça o que acontecer, ainda será cedo para rotular Rogério como gênio ou técnico que não serve para um time gigante. Falta a ele muita rodagem na profissão para carimbos tão marcantes.
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