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Final tem Renato especialista em leitura tática e Abel rápido na adaptação

Renato Gaúcho, durante a partida entre São Paulo e Grêmio - Marcello Zambrana/AGIF
Renato Gaúcho, durante a partida entre São Paulo e Grêmio Imagem: Marcello Zambrana/AGIF

31/12/2020 08h11

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A final da Copa do Brasil reunirá um treinador que confirmou ser especialista em leitura tática e outro que mostrou rapidez para se adaptar a um novo clube, mesmo num país no qual nunca tinha trabalhado.

Renato Gaúcho levou o Grêmio à decisão comprovando sua eficiência como estrategista. Já Abel Ferreira, prestes a completar dois meses de trabalho no Palmeiras, driblou as armadilhas que costumam atrapalhar um treinador que acaba de chegar para colocar o alviverde na disputa pela taça.

No caso do técnico gremista, atribuir a classificação a uma retranca no empate sem gols com o São Paulo na última quarta (30) seria ignorar o trabalho tático feito por Renato.

O Grêmio fez muito mais do que empilhar jogadores na área e deixar o time de Fernando Diniz atacar.

Ocupando os espaços de forma precisa, a equipe gaúcha neutralizou as principais armas do time do Morumbi. É verdade que as ausências de Reinaldo e Luciano ajudaram Renato no trabalho de tirar do São Paulo a velocidade, um dos principais trunfos são-paulinos.

Na maior parte do jogo, o Grêmio evitou uma marcação alta na saída de bola do adversário, que daria ao São Paulo a oportunidade de, quando conseguisse sair jogando, encontrar espaços para explorar sua rapidez.

O time da casa ficou travado e foi previsível diante de um adversário bem postado. Em vão, Diniz perdeu a voz de tanto pedir para sua equipe acelerar.

Renato, mais uma vez, mostrou capacidade de estudar os rivais e escolher a melhor estratégia para anulá-los. Claro que nem sempre funciona, como na eliminação na Libertadores diante do Santos.

Porém, o conhecimento que ele tem de seus jogadores graças ao trabalho a longo prazo no Grêmio o ajuda a fazer com que os atletas executem o que ele pede.

No Palmeiras, Abel não tem essa intimidade com o elenco, pois ainda está conhecendo o grupo.

No entanto, o português mostrou sabedoria desde que pisou na Academia dizendo que não chegaria mudando tudo de cara e aproveitaria o que encontrasse de bom. E cumpriu a promessa.

O técnico palmeirense soube colocar suas ideias de jogo, principalmente a intensidade, com simplicidade, sem confundir os jogadores. Também tem sido capaz de explorar as virtudes de seus comandados.

Nesse ponto, Abel mostra uma semelhança com Renato. Assim como o brasileiro, o português não se cansa de elogiar seus jogadores, o que gera cumplicidade e confiança. Ainda mais num grupo que se acostumou a ouvir críticas de Luxemburgo, seu ex-comandante.

O técnico alviverde ainda tem muito para mostrar de seu trabalho, mas já alcançou uma final antes desse desenvolvimento se completar. Mérito de seu planejamento.

A decisão tende a ser equilibrada e marcada pelo combustível que inflama discussões no futebol brasileiro: os técnicos estrangeiros são melhores do que os nacionais?