Topo

Perrone

Inspirado em filme, novo diretor de futebol do SPFC valoriza estatística

23/12/2020 04h00

Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail

Email inválido

Se você ainda não assistiu ao filme: "Moneyball - O Homem que Mudou o Jogo", assista. Caso não goste, o que é improvável, pelo menos você vai entender a importância que as estatísticas terão no futebol do São Paulo a partir de janeiro.

A obra relata a transformação provocada por um dirigente no beisebol norte-americano depois de ele mudar a forma de contratar jogadores baseando suas escolhas em determinadas estatísticas. A produção inspira Carlos Belmonte, futuro diretor de futebol estatutário (não remunerado) do São Paulo.

Ele assumirá o cargo em janeiro, juntamente com Júlio Casares, presidente eleito do clube do Morumbi.

Em entrevista ao blog, Belmonte disse que entre as suas principais tarefas está aumentar a estrutura dos departamentos de análise de desempenho e de análise de mercado.

Os dois setores, que usam estatísticas, terão ampliada a sua importância na montagem da equipe, tanto nas contratações como na decisão sobre o aproveitamento dos jogadores das categorias de base.

"Vamos investir muito em análise de desempenho e análise de mercado. O uso das estatísticas, da ciência é muito importante para errarmos menos nas contratações e nas avaliações dos atletas da base. Não estamos falando do mesmo esporte, mas o 'Moneyball' é, sim uma inspiração", afirmou o futuro diretor de futebol.

A análise de desempenho estuda os jogadores do clube e dos adversários. A análise de mercado monitora possíveis contratados. Os clubes de outros países sul-americanos receberão atenção especial durante a gestão de Belmonte.

"A ideia é que a análise e as estatísticas nos ajudem a identificar antes os bons atletas de clubes de outros países da América do Sul", explicou o futuro diretor de futebol.

Jornalista, com 25 anos de trabalho na rádio Jovem Pan, 18 deles em cargos de chefia, Belmonte define que seu forte é a gestão de pessoas.

Atual diretor-geral do clube social, ele diz não se encaixar no perfil "boleirão" de diretor de futebol, tão comum em clubes brasileiros. Ou seja, rejeita ser o cartola que acredita entender de futebol só por acompanhar o esporte e o time como torcedor há décadas e se sente à vontade para falar com jogadores e comissão técnica dando palpites como profundo conhecedor do tema.

"Não tenho preparo para ser executivo de futebol. Não vou ficar dizendo quem tem que jogar ou ser contratado. Mas tenho preparo para fazer quem é especialista no assunto trabalhar bem. Vou dar força para quem contrata, vou dar ferramentas para os profissionais capacitados usarem seus conhecimentos. Vou aproximar os departamentos, aproximar Cotia (base) da Barra Funda (profissional). Vou criar condições para o clube errar menos", afirmou.

Outra meta de Belmonte é fazer com que as categorias de base sigam a filosofia de jogo do time profissional, facilitando o aproveitamento das revelações na equipe de cima. "Temos que fazer com que todas as categorias joguem com o DNA do São Paulo, com ofensividade e velocidade", disse ele.

Sob sua batuta, o diretor terá um executivo para o futebol amador e outro para o futebol profissional e Muricy Ramalho como coordenador técnico. O ex-treinador, além de outras missões, vai trabalhar na aproximação entre base e profissional.

Antes de ser escolhido por Casares, Belmonte passou a ser um nome conhecido de parte dos torcedores são-paulinos por conta de notícias que o colocaram como provável substituto de Raí no final de 2019.

Na ocasião, Leco, atual presidente, pensava numa escolha pessoal para disputar a presidência com o opositor Roberto Natel. Conforme apurou o blog, colocá-lo no futebol era considerada pelos aliados do atual presidente uma boa estratégia para turbinar o nome de Belmonte.

A ideia ainda era discutida quando os jogadores se manifestaram a favor da permanência de Raí, que se fortaleceu e permaneceu no cargo. Ainda hoje, Belmonte gosta de repetir que sua função não será a mesma do ex-jogador, que é remunerado e deve deixar o clube ao final da atual temporada, no início de 2021.

Três fatores principais transformaram o diretor-geral do clube social em preferido de Casares para comandar o futebol. Sua experiência profissional como gestor de pessoas, um elogiado trabalho na implantação do basquete masculino profissional do São Paulo e a força demonstrada por ele na eleição tricolor pavimentaram o caminho para o jornalista ser diretor de seu time de coração.

Belmonte é considerado um dos responsáeisl pela tranquila vitória de Casares na eleição de conselheiros por meio do voto do associado. O grupo de Belmonte, que tinha 16 conselheiros, passou a contar com 32, segundo suas contas.

"Sim, saí forte da eleição, mas nuca pedi o futebol para o Júlio. Minha experiência profissional, minha experiência como diretor da área social e a experiência com o basquete foram importantes para a minha escolha", concluiu o futuro diretor.