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OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Palhinha, boquirroto, desrespeita jogadores como já desrespeitou Telê

18/06/2022 14h20Atualizada em 18/06/2022 22h49

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Palhinha foi um grande jogador. Com 71 gols, está presente na história do São Paulo, apesar de perder o pênalti que custou a perda do tri da Libertadores em 94, contra o Vélez.

Era técnico, habilidoso e matador. Seria titular absoluto do time de hoje. Palhinha e mais dez. Poderia ter jogado a Copa de 94, mas Parreira preferiu Zinho e Mazinho, que foram excelentes.

Parreira achava que Palhinha, por ter aparecido no futebol aos 26 anos, não teria personalidade para jogar uma Copa. Parreirice...

Palhinha fala muito. Agora, está criticando os jogadores do atual time. É aquele surrado discurso de torcedores: falta vergonha na cara, falta honrar a camisa...

E mais:

"É muito fácil criticar o Rogério, a diretoria, mas eles não estão jogando. São os jogadores que precisam tomar um rumo diferente, parar com frescuras, calção levantado, tem que jogar bola, musculaçãozinha, propaganda, fazer gol e mostra a bola, fazer sinalzinho, isso não vai resolver nada, isso não existe".

Nem dá para entende o que é "musculaçãozinha".

Percebam que ele não crítica a diretoria, que tem prestigiado craques como ele, no Camarote dos Ídolos.

Vamos ver se Palhinha sustenta o que diz. Não foi assim em 1996.

Vamos ao "causo".

O São Paulo e o Cruzeiro haviam feito a famosa troca 5 x 2. Vieram Belletti e Serginho para o Morumbi, foram Vitor, Gilmar, Donizetti, Ailton e Palhinha para o Cruzeiro.

Os dois times iriam se enfrentar.

Eu estava em Minas para cobrir um GP de Atletismo e fui ao treino do Cruzeiro. Entrevistei Palhinha e ele estava muito revoltado com Telê.

Entre outras coisas, disse:

1) Se Telê cagar em um prato, o presidente Fernando Casal de Rey come e acha bom.

2) Telê é um velho intrometido, ficou enchendo o saco quando comprei um carro.

E outras coisas que não me lembro.

Não tinha nada gravado. Meu editor disse que confiava em minha palavra e publicou na inesquecível A Gazeta Esportiva.

Palhinha desmentiu tudo. Tudinho.

Desmentiu inclusive para um repórter de rádio famoso por desmentir tudo que os repórteres de jornal publicavam.

Na semana seguinte, o Cruzeiro veio enfrentar o São Paulo. Jogo no Pacaembu.

E lá vai o repórter entrevistar Telê antes do jogo.

- Tudo bem com o Palhinha, Telê? Ele desmentiu a entrevista.

- Pode desmentir quanto quiser. Eu conheço o Palhinha e conheço o repórter também. Sei muito bem que é verdade.

Eu estava ouvindo pelo rádio. Muito assustado. Se Telê, unanimidade nacional, me criticasse, eu ficaria muito mal. Quando ele falou a meu favor, chorei.

Fernando Casal de Rey me ligou e disse que confiava na matéria.

O São Paulo não está jogando bem. Mas se o treinador fosse Palhinha, melhoraria com recomendações do tipo: "musculaçãozinha (?), calção levantado, sinalzinho, amor à camisa, propaganda"?

Palhinha sempre foi um poeta com os pés.