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OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Menon: Dez anos sem Sócrates, ser humano fundamental

04/12/2021 18h55Atualizada em 04/12/2021 18h55

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Fiz duas matérias grandes sobre Sócrates. A primeira, em 2004, pelo Jornal da Tarde, comemorava o seu cinquentenário. Me recebeu muito bem. Andamos por Ribeirão Preto e terminamos a noite em uma festa com muitos parentes e onde eu era o único a beber guaraná.

A segunda, foi em 2010, pela Revista ESPN. Era um Sócrates com cor macilenta, e uma faixa na cabeça que o deixava vagamente parecido com Khadafi. Estava com a mulher, na casa em Barueri.

Me senti triste. Eles, não. Falavam de projetos para a Copa-14.

Sócrates sempre teve projetos. Cumpriu o maior deles: jogar na Seleção Brasileira. E, a partir dela, se tornou conhecido mundialmente.

Não só por ela. Mas por sua atuação política, algo que jogadores de futebol, em geral, passam longe.

Foi um derrotado, como toda minha geração. Nada de Diretas-Já. E a Democracia Corinthians, tão marcante, durou poucos anos.

São derrotas que dignificam uma vida. Eu, que não sou Sócrates, nem nada, se muito for sou um blogueiro canhoto, me sinto feliz em ter sido derrotado tantas vezes.

Sócrates não era um só. Era muitos. Um ser humano multifacetado. E ele está desnudo na biografia Doutor Sócrates, do jornalista escocês Andrew Downie.

Um Sócrates desafiando seu tamanho e pouco físico. Um Sócrates contestador e que optou em ficar com a esposa, mesmo apaixonado por Rosemary, a cantora. Um Sócrates sempre em busca da felicidade, mas sem se preocupar com a felicidade alheia. Um homem contraditório. Um homem inesquecível. Um homem fundamental nos dias de hoje em que o Brasil caminha a cada dia para o fim do Estado Laico e para a destruição de um arcabouço social de proteção aos miseráveis.

Quero terminar dizendo Sócrates vive! Mas não é verdade. O que posso dizer é que Sócrates faz muita falta.